terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O que é mais importante: chegar ao objetivo ou o caminho que leva a ele?

Essa dúvida tem me cutucado esses dias. Valem todos os meios para se chegar aonde se quer ou isso é irrelevante?

A gente pode se tornar rico trabalhando ou roubando, numa comparação bem grosseira. Mas essa escolha faz mesmo a diferença?

Uma vez eu ouvi que os pais devem ficar muito atentos às suas atitudes, porque eles são espelhos para os filhos. Tem até uma música do Nando Reis que fala isso: “...eu amarro o sapato da mesma maneira, por influência dos meus pais...” Essas atitudes a que se referia a matéria eram das mais complexas às mais simples, como aquela mãe ou pai que fala para o filho que há leis de trânsito e que elas precisam ser respeitadas mas que, na hora de um congestionamento na estrada a opção escolhida é ultrapassar pela direita ou pelo acostamento, afinal não é uma infração grave... ou quando a gente fala que é preciso obedecer aos mais velhos e se reportar a eles sempre, mas quando @ filh@ apanha na escola, os pais dizem que era para ele revidar (numa clara desobediência às leis daquele estabelecimento e “esquecendo” que o/a professor/a é a representante legal/ é @ adult@ naquele momento). Eu mesma já fui surpreendida com uma repreensão da minha filhota por estar dirigindo e falando ao celular ao mesmo tempo. E isso me fez ver que, ao contrário do que pensava, ela (a filhota) estava atenta ao que eu fazia mesmo, como tanto falam os psicólogos. Porque mais importante do que o que a gente diz, é o que a gente faz.

Penso que a gente precisa ficar atento especialmente ao que a gente faz, e se esse fazer está de acordo com o nosso discurso. É muito fácil termos um discurso de honestidade, de justiça e de respeito, acreditamos inclusive que somos hiper corretos, mas no fundo, no fundo nossas atitudes podem caminhar no sentido contrário ao que falamos. E só percebemos isso quando paramos e avaliamos nossa prática, numa atitude que pouco adotada e disseminada na nossa cultura. Por isso é importante parar e olhar pra trás, para nos certificarmos do que estamos fazendo.

Ultimamente eu fico me perguntando o que é mesmo importante: só chegar ao objetivo, de qualquer jeito, ou se o caminho também se faz – ou é o mais - importante. E eu penso que tudo isso que falei acima está no mesmo caldeirão, pois faz parte da nossa vida.

Acredito que contextualizar pode nos ajudar nessa reflexão. Vivemos numa sociedade onde o nível de competição é extremo. Todos competem contra todos, todos são inimigos de todos e Deus (pra quem acredita na existência) que vele por todos. E, no meu entender, essa competitividade elevou demais as exigências que cada um para com o outro e consigo mesmo. É uma verdadeira loucura. Sentimentos como confiança, respeito e amizade são cada dia mais esquecidos e a desconfiança, o medo, a crença de que o outro quer ocupar o nosso lugar vai nos deixando, cada dia, mais enlouquecidos. Vivemos num estágio de puro delírio, mesmo sem usar qualquer psicotrópico – aliás, estes têm servido para nos desligar desse mundo real.

Vamos seguindo, cada vez mais desconfiados, trabalhando além do que podemos porque não confiamos em quem está ao redor para cooperar e coordenar a mais simples das tarefas. E assim, o outro que é meu “eterno inimigo” (não seria “pseudo-inimigo”?), torna-se vítima da minha desconfiança e do meu medo, passando a ser meu algoz, porque ele pode nem ser (o algoz), mas eu não posso me dar ao luxo de pensar que ele não o é. Eu tenho que estar alerta, atento a qualquer movimentação – e preparar o contra-ataque. E se eu estou num local de “privilégios”, mais motivos tenho para me “cuidar”. Esse lugar é meu e apenas eu devo desfrutá-los.

E desse jeito vamos fingindo que estamos trabalhando em equipe e que a confiança mútua é a marca do grupo. E até que há diversos caminhos. Mas que são trilhados individualmente, até porque, no fundo, não existe grupo, não existe equipe. Não há o que partilhar.

Tem uma frase que eu vivo dizendo: “eu nasci no tempo errado!” e eu acredito nisso mesmo. Eu deveria nascer daqui a uns 500 anos à frente – ou mais. Quando a sociedade estiver mais evoluída. Quando chegar o tempo em que tenhamos aprendido a fazer como os orientais que vivem e valorizam o ritual do chá. Para eles o caminho é mais importante, assim como para mim. Onde o cuidado e o afeto que permeiam a preparação serão o que há de mais importante.

Acredito que a gente só pode saborear bem aquilo que participamos da semeadura.

É nisso que eu acredito...

caminho de pincel daqui

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A unicidade do ser ou da coragem de ser (só) gente...

Eu cresci ouvindo as pessoas reclamarem que eu falava demais. Durante um tempo eu me irritava muito, especialmente quanto eu tentava explicar que não era nada proposital, que não havia intenção de expor nada... simplesmente as coisas fluiam... e, como eu nunca fui de mentir, quando me perguntavam algo eu respondia... respondia a verdade, jurando que estava fazendo o "certo". Não adiantava muito, eu terminava sendo considerada a errada, apesar da minha fala não ter questões de outras pessoas, mas de coisas minhas... minhas opiniões, como eu olhava o mundo, como via as coisas, como sentia e refletia sobre....

Hoje eu ainda me deparo com pessoas que me fazem muito isso, repreendem-me (não sei bem se a palavra é essa, mas é o que está vindo) pelas coisas que falo, como faço ou simplesmente pelo modo de me vestir. Segundo essas pessoas, eu deveria ter “mais cuidado e reserva”. Acredito que essas pessoas são super-bem-intencionadas, mas queria trazer algumas questões para esta reflexão:

a)      Qual o real sentido do ser certo ou errado? Quem determina isso além de nós?
b)      Devemos ser certos aos olhos de quem?
c)      Como ser certo quando algo nos está aniquilando?
d)     Falar o que se pensa é transgredir ou camuflar (pra não dizer mentir - e se mutilar) pra agradar deve ser a regra?

Falar o que penso, a partir do meu sentir, foi uma decisão tomada há anos. É minha trilha ainda que isso signifique que, muitas vezes, eu fale aquelas coisas que as pessoas não querem ouvir. Mas se não querem ouvir por que perguntam? Eu não entendo isso...

Eu pauto a minha vida na sinceridade e na coerência, e isso não é lá muito fácil. Mas eu considero possível. Eu não estaria sendo eu se fosse de outra forma. Mas não significa que todo mundo deve fazer o mesmo. Entendo que cada pessoa é um ser único e como tal pensa, sente e se expressa de uma forma. Forma esta que pode, ou não, ser igual a minha. E que nem por isso é merecedor de menos respeito do que eu. Penso que cada pessoa é da forma que é e ponto.

Não é fácil ser gente... não é mesmo. Mas se a gente der um crédito às pessoas que pensam diferente de nós, podemos aprender muito. Acredito que com mais respeito a gente consegue criar um mundo muito melhor. Onde a “unicidade (nem sei se essa palavra existe) do ser humano seja a marca maior do encontro.  

Certa vez ouvi que cada ser humano é belo porque cada ser humano é único.

Certa vez eu li que as mulheres (precisam) falam muito porque no diálogo elas exumam suas dores e encontram as respostas para os que as afligem.

Eu vou continuar falando...

"E se me achar esquisita,
respeite também.
Até eu fui obrigada a me respeitar
."
Clarice Lispector

Eu dedico este post de hoje a um novo amigo que não posso dizer o nome dele porque ele é reservado.

flor da resistência daqui

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Da importância de mudar o olhar e o foco

Tenho pensado como é estranho mudar o olhar e procurar os diversos ângulos das situações. Como perdemos tempo e energia olhando apenas para as coisas desagradáveis da vida, numa insistência quase doentia de achar que o mundo gira ao nosso redor. E não que somos nós que giramos ao redor de algo infinitamente maior. Ouvi certa vez que se acontece quatro coisas boas na nossa vida e apenas uma ruim, onde focamos nosso olhar? Justamente naquilo que não deu certo. Sofremos no coração, desprendemos energia vital e nosso corpo adoece.

Isso sem contar que sequer nos permitimos relativizar sobre o conceito do que é dar certo ou dar errado. Dar certo aos olhos de quem? O que deu mesmo errado? Por que algo não saiu do jeito que desejávamos ou planejamos deu errado mesmo? Ou nos equivocamos no nosso processo de feitura do algo escolhido? Enfim...

Penso que precisamos trocar as lentes e exercitar olhar a vida com outros olhos, por outros prismas. Acredito que iremos nos surpreender e perceber o quanto de belo e prazeroso deixamos de ver e sentir só porque estávamos nos negando a olhar verdadeiramente a vida. Nesse sentido proponho um exercício simples que também começarei. Durante o dia vá escrevendo num papel cinco coisas boas que aconteceram. Apenas as coisas boas, que trouxeram alegria, satisfação, prazer e bem estar. Ao final de cada dia leia e perceba como se sente. Depois avalie o seu estado de espírito relembrando todos os acontecimento, inclusive aqueles que você considere ruins e responda: como foi o meu dia? Como ele está findando? Qual o sentimento.

Acredito que todos nós vamos ter uma surpresa prá lá de prazerosa e feliz. Afinal, é importante acreditar que “coisas boas acontecem a pessoas boas” e todos nós somos pessoas prá lá de maravilhosas....

olhar da transformação daqui

domingo, 31 de julho de 2011

Depois das cinzas, a gratidão... ou da capacidade de se permitir renascer...

Oi!
Quero informar a tod@s que a blogueira que escreve neste espaço morreu. Isso mesmo. Morreu de morte matada, por ela mesma. Morreu porque não aguentou mais a pressão de um modelo de vida que não era a que ela tinha nascido para viver. Morreu para a tristeza e a insatisfação, a culpa, incompreensão e a ignorância que ultimamente a tirou do verdadeiro caminho.

Evitem lamentos pelo ocorrido. Ela não precisa disso. Agora, renascida e de volta ao caminho traçado por ela tempos atrás, ela está feliz, tranquila, serena e em paz. Compreende as escolhas equivocadas, os percursos que a deixaram fora do eixo e se perdoa e agradece por isso. Aliás, antes de morrer, ela pediu muito perdão... pela arrogância no trabalho desenvolvido, pelo medo que a impedia de ser feliz e de fazer outras pessoas felizes e, principalmente por ter acredita numa verdade que não era absoluta. Foi um exercício difícil, muito sofrido mas, num certo momento, em seu leito de morte, eu falei pra ela algo que ouvira num filme: “antes de ficar bem, piora” e expliquei que para uma limpeza verdadeira, como aquela que ela estava se propondo com aquela morte, era preciso entrar em contato com a sujeira e, assim, ela teria que sujar as mãos. Mas ela foi firme e disse: “vamos lá!” e assim foi.

Como uma fênix ela ressurgiu das cinzas e agora respira outros ares, observa novas possibilidades e desafios. Mas sabe que pode seguir adiante, ela reencontrou o caminho e voltou fortalecida desse vôo.

E agora, quando a encontro e pergunto como vai a vida ela sorri e diz: cada vez melhor! Sorri. Agradece e segue, tranquila e segura... olhando firme para o horizonte. É, indicutivelmente uma nova mulher.

p.s.: Muito Obrigada, Robson, pela sugestão de escrever sobre esse processo, xeros!

fênix mulher daqui

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sobre as dores que o corpo carrega ou da desnecessária teimosia nossa em não ouví-lo...

Olá!

Há muito tempo atrás eu ouvi de uma sábia que o ser humano possui sete corpos, e o último estágio, o que vemos, é o corpo físico.  Essa é a forma mais bruta, digamos assim, ou seja, é neste que as mazelas se apresentam, as dores, as doenças. Salvo engano a filosofia oriental segue esse princípio e diz que as doenças são a forma do Universo dizer que algo não está bem, que é preciso parar, refletir e reorganizar. Mas poucos são os que escutam e param. Somos programados para não parar, como se a vida fosse acabar no instante seguinte e, portanto, precisamos aproveitar o máximo agora. E assim, deixamos de ouvir o que o corpo está dizendo. E assim deixamos de ouvir o que precisamos para escolher pelo melhor. Porque o melhor que nos é dito, muitas vezes não é o verdadeiro melhor.

Há algumas pessoas que acreditam piamente que tudo se resume ao bem estar desse corpo, mas condiciona esse mesmo corpo, que tem origem limitada, a esforço e situações de limite, abusando dele até a exaustão. Até que o Universo vem e te dá uma forçada para que pares. Foi assim comigo, em mais de uma ocasião. A primeira vez eu fiquei surpresa e nem quis pensar no que tinha acontecido, dado o inusitado do fato. Eu estava organizando um evento muito importante até que de repente o carro que viria me buscar não veio e eu tive que pegar uma carona, na tarde do evento (que seria à noite). Precisei atravessar a rua e simplesmente caí. Uma queda do nada, tropeçei no nada e meti o meio da perna na quina do meio-fio. Vocês não fazem idéia da dor, eu paralisei. Forçei o corpo, respirei fundo e o máximo que fiz foi botar um saltinho baixo, e fiz o evento. No outro dia, estava lá com a perna imobilizada e uma bronca do médico e da família. E alguém me disse em tom de bronca: "foi preciso isso, não é menina, para você parar?!" Nunca esqueci essa cena.

A segunda parada está sendo agora. Os últimos sete meses tenho tido crises sucessivas de amigdalas e faringite. Nunca tiinha tido isso, não com essa intensidade e constância. Até que cá estou, de licença média e sabendo que forçei além do devido, novamente o corpo. Foi um período difícil esse, muitas incertezas e a necessidade de olhar o futuro com um novo olhar. E isso causa medo, muito medo e eu não consegui relaxar e parar. Até então. 

Mas esse exercício, essa parada de agora, tem sido interessante. A gente se redescobre nele e descobre pricipalmente que podemos ser melhores e que podemos ser mais. Mais e melhores do que temos sido até então. E é para desafio que estou olhando e tentando decifrar o enigma. Espero que com isso o corpo fique mais leve, mais delicioso ao toque, mais espontâneo e saudável... tomara!

Deixo esse recado: cuide mais do seu corpo, cuide mais de você. Respeite os seus limites e o Universo te agradeçe!

imagem de corpo saudável e feliz daqui

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Licença médica ou sobre o tempo que o Universo nos obriga a repensar a vida...

Olá a tod@s!
Estou de licença médica. Nos últimos três anos esta foi a segunda, que ocorreram pelo mesmo motivo (problemas de faringite e amigdalite e, segundo a minha médica, o diagnóstico é que estou engolindo muitos sapos! Acho que ela está certa... mas eles não são eterno...)

Da primeira vez ou sempre que algum motivo de (perda de) saúde, fim de semana, feriado prolongado me distanciavam do trabalho eu enlouquecia. Não largava o celular, nem o notebook, pirava se a internet caia ou ficava lenta, num ritmo quase igual ao do dia-a-dia, na insistência de não "desligar". Ufa!!!! Só de lembrar eu perco o fôlego. Vamos lá, respiraaaaaarrrrrrrr... hhhhhuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmm!

Num primeiro momento eu fiquei preocupada e apreensiva, pois parar tem sido raro na minha vida nos últimos três anos. Eu só tenho feito trabalhar, trabalhar e trabalhar. Fico meio sem norte, sem saber o que fazer, especialmente por estar longe da família e, sinceramente ainda não estou acostumada com esta terra de todos os santos. Apesar de todo o fascínio que ela me dá, muito me estranha também... e nesse estranhamento eu me recuo...

Mas dessa vez está sendo diferente... muito diferente! Tô fazendo o esforço inverso: me alimentando melhor, respirando com mais calma e descansando. Abro o e-mail institucional e o pessoal no máximo duas vezes ao dia (antes eles ficavam abertos direto), não li nada que lembrasse o trabalho, não liguei... nada. Tô apenas curtindo o momento. kkkkkkkkk Parece até uma aberração não, é? Alguém curtir uma licença médica. Pois é, eu estou. Aliás, esta está sendo literalmente uma licença para médic@s. Aproveitei o tempo e estou fazendo uma atualizada médica: fono, exames, dentistas enfim, quase tudo que o tempo tá dando, mas com calma, sem estresse, nem aperreio. Tô realmente me cuidando. Tô precisando (afinal, como eu mesma digo: se eu não cuidar de mim, quem vai cuidar?).

Também aproveitei para procurar uma atividade física, pois há tempos meu corpo pede. Mas é impressionante como o corpo está mal acostumado a esse ritmo frenético. Apesar de ter parado um pouco e dos cuidados dos últimos dias, meu corpo doe (doe e muito!). Tadinho dele, todo ressentido e teso por tanto estresse, noites mal dormidas (com direito a pesadelos e tudo, aff!), aperreios e etc, etc, etc.... tô apelando para os chás relaxantes antes de dormir e amanhã acredito que vai melhorar, depois da aula de Yoga que experimentarei num espaço aqui perto da minha casa e onde farei o pilates. Em breve este corpitcho vai estar lindo e esticado, todo nos conformes kkkkk)

Voltando..... Eu estou adorando como tudo isso está se dando. Tudo fluindo de uma forma quase mágica. Como é bom quando as coisas acontecem assim, sinto como que estivesse fazendo o que deveria fazer, da maneira e com as pessoas adequadas. Sinto-me mais segura e, num período marcado por tantas dúvidas e incertezas, este momento chega a ocupar um lugar muito precioso para mim.

Talvez por isso esteja sendo tão bom e proveitoso essa parada obrigada. Porque antes eu não me permitia, como estava numa posição de coordenação eu tinha que estar sempre à disposição, antenada com tudo. E agora não, as posições mudaram e eu agora estou num patamar que tem se apresentado melhor, com menos responsabilidade, menos cobrança e menos necessidade de estar à frente porque por um lado é bom e desafiador, mas por outro, é exigente demais conosco e com quem está conosco. E assim, eu também posso agora respirar com mais calma, correr num ritmo mais lento, estar inteira com as pessoas que eu tenho escolhido estar e olhar a paisagem com mais calma, sem pressa, sem outras coisas na cabeça que me impediam de ver o colorido. São esses prazeres que eu estou (re)descobrindo agora.

Isso tudo com "... a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo..."

Acho que agora eu aprendi o que o Universo se esforçou em me dizer e eu teimei em não escutá-lo...



imagem mulher em contemplação daqui

segunda-feira, 25 de julho de 2011

“Ver e não ligar” ou simplesmente a história de alguém que não queria morrer...

Essa é uma frase que está no quadro de avisos de uma sala de trabalho. Na verdade é um quadro onde são colocadas frases para inspirar o dia-a-dia dos funcionários.

Ela poderia ser interpretada como uma frase de desleixo ou mesmo de irresponsabilidade. Mas na verdade foi posta lá para servir de limite às iniciativas dos funcionários às tarefas que são da competência dos mesmos. Num ambiente de profissionais cheios de espírito autônomo, idéias criativas e iniciativas para que tudo dê certo um elemento que oriente ao foco é importante.

Como a resposta às características apresentadas acima nem sempre são vistas como positivas, por quem está no poder, a equipe encontrou em frases como esta um jeito de se privar de aborrecimentos e assédios. Isso porque implica em literalmente ver as coisas erradas e as injustiças, corriqueiras do mundo do trabalho, e abstrair.

Exercitando a abstração nos privamos de sofrer com aquilo que não podemos resolver, por não termos governabilidade para resolvê-las. É uma forma de dizer bonito o que vivo comentando com amigos sobre a necessidade de ficarmos “dementes”, desligados... vendo e não ligando...

E assim vamos levando a vida: redefinindo posturas, condutas e tentando adequá-las ao que nos é exigido, quando não imposto. Acho tudo isso uma droga, mas o que fazer quando a estrutura é maior que você e, pra piorar, neste momento, você precisa desta (indigna) estrutura para sobreviver? Que outra forma senão se adequar a ela, ainda que temporariamente?

Penso que o “pulo do gato” está na nossa capacidade de fazer essa “adequação” sem nos violentarmos muito (!). Porque só o esforço para se adequar a práticas que você desacredita e até repudia, num caso mais extremo, já é por si só uma violência a você e às suas crenças. Assim, qual a opção que resta? Sinceramente não vejo muitas. Apenas a de respirar fundo, lembrar do motivo que ainda te prende a esta situação, refletir o peso dos prós e contras e decidir.

Neste momento de reflexão é importante olhar bem pra dentro da gente, revisitando nossos valores, nossas crenças, nossas propostas e, principalmente, fazer aquele esforço danado para ouvir a vozinha interior dizendo qual a nossa vocação, o que te dá prazer, o que é mesmo que te realiza e sem o qual você não conseguirá ser feliz. Feito tudo isso, ouvido os zilhões de conselhos que as pessoas próximas sempre estão à disposição de dar, na melhor das intenções, pare. Respire fundo novamente e se pergunte qual o caminho mesmo que você escolheu, “o que (e quem) você quer ser quando crescer?” e veja o tanto que já caminhou neste sentido. Se a resposta obtida justificar mais esse esforço e solicitar que você continue no ambiente em questão, permaneça.

Mas permaneça de coração tranqüilo e mente prática. Faça exatamente aquilo que você precisa fazer, fique o exato tempo que você precisar ficar e ponto. A dedicação, a fidelidade, a energia devem estar voltadas agora para este sonho que você acaba de redescobrir e reavivar na sua mente e no seu coração. Mantenha-se firme neste propósito. Trate bem a todos que estão à sua volta e relaxe. Agradeça. Agradeça e Agradeça.

Respire fundo novamente e cuide-se... seu sonho está perto de ser realizado. Só por isso, por ter sobrevivido, por ter renovado suas esperanças, agradeça, agradeça e agradeça.



imagem em contemplação daqui

Geração T

Olá!
Recebi um e-mail da minha amiga Mari que achei interessante e compartilho com vocês agora. Trata-se de uma reflexão sobre o comportamento dos jovens no momento pós tecnologias das redes sociais.
Vale conferir e pensar...

Por: Luciano Pires, jornalista, escritor e palestrante.
Meu amigo Patrick é francês e vive no Brasil há anos. Tem uma visão crítica da forma de ser do brasileiro em comparação a outros povos, especialmente os europeus. E eu me divirto com ele. Recentemente, presente a um desses eventos badalados que tratam de redes sociais, ele me ligou para descrever o público. Jovens, muito jovens, com seus iPads e iPhones, tuitando furiosamente enquanto assistiam às palestras de dezenas de especialistas. Ao final da palestra, invariavelmente o apresentador dizia:

- Alguma pergunta?
Silêncio. Ninguém. Nada. E assim foi, de palestra em palestra. Ninguém nunca perguntava nada. O Patrick então disse que aquela era a geração T. Tê de testemunha: "Sou testemunha de tudo, mas não tenho opinião sobre nada". 

É isso mesmo que tenho visto por aí: a geração T dominando os espaços e dedicando-se à única coisa que consegue fazer: contar para os outros o que viu. Ou no máximo, repetir a opinião de terceiros, enquanto permanece incapaz de analisar, comparar, julgar e de emitir opiniões.

Mas sabe o mais louco? A "geração T", diferente das outras gerações, parece não ter um período definido. Não é composta exclusivamente de gente que nasceu entre o ano x e o ano y... É claro que a quantidade de jovens é muito grande, mas ela generosamente engloba gente nascida desde 1950... 

Em minha palestra "Quem não se comunica, se estrumbica" falo de um estudo que mostra que nos 40 mil anos que se passaram desde o momento em que o homem desceu das árvores até inventar a internet, a humanidade produziu 12 bilhões de gigabytes de informação, algo como 54 trilhões de livros com 200 páginas cada. Agora veja esta: somente no ano de 2002 produzimos os mesmos 12 bilhões de gigas! Geramos num ano o mesmo que em 40 mil anos... Em 2007 foram mais de 100 bilhões de gigas! E em 2012 serão alguns trilhões! Produzimos informação numa velocidade cada vez maior enquanto inventamos traquitanas que tornam cada vez mais fácil acessar essas informações. Mas de que adianta ter acesso às informações se não temos repertório para dar um sentido à realidade?

O resultado é a geração T, que sabe tudo que acontece, mas não tem ideia do por que acontece. Entrega-se à tecnologia de corpo e alma, como "vending machines", aquelas máquinas automáticas de vender refrigerantes em lata, sabe? Distribuidores de conteúdo de terceiros, focados no processo de distribuição, mas sem qualquer compromisso com o conteúdo distribuído.

Nada a estranhar, afinal. Querer que as gerações que saem de nosso sistema educacional falido conheçam questões conceituais, paradoxos, tradições, estilos de comunicação, relações de causa e efeito, encadeamento lógico dos argumentos e significados para poder exercer o senso crítico é demais, não? É mais fácil e menos comprometedor simplesmente contar para os outros aquilo que ficamos sabendo.

A geração T não consegue praticar curiosidade intelectual, só a curiosidade social. Tentei achar um nome para esse fenômeno e acabei concluindo que só pode ser um: fofoca.
A geração T é a geração dos fofoqueiros. 

E você, é testemunha?

imagem ilária daqui

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sobre o trabalho

Por que se trabalha?
Algumas pessoas responderiam que é pra ter dinheiro e pagar contas. Outras, porque é necessário para prosseguir a vida e outras (poucas), e eu me incluo neste grupo, porque sem o trabalho a vida não teria sentido.

Lembro do período pós-parto em que tive um momento que eu quase enlouqueci por estar sem um trabalho produtivo (sim, produtivo porque o reprodutivo eu tive de montão.)
Pausa para esclarecer a diferença entre o trabalho produtivo e o reprodutivo. Em rápidas palavras, trabalho produtivo é aquele em que a pessoa trabalha e é remunerada. Ao contrário do reprodutivo onde a pessoa trabalha e não é remunerada, a exemplo das donas de casa.)

E foi neste momento que eu percebi o quanto o trabalho tem um espaço na minha vida. Mas trabalhar precisa ter um sentido maior do que apenas trocar a minha força de trabalho por alguns (poucos!) reais. É preciso ter um motivo, algo que me leve adiante, um horizonte. E, pra mim, esse horizonte não significa apenas ter condições de dar uma vida digna a mim, minha família e ajudar meus amig@s. Isso é o meu piso. O teto é que está além... Precisa estar muito além. Senão, do contrário, eu não caminho, não me envolvo, não ajo.

Por isso é tão importante, pra mim, estar encantada com o que faço e acreditar que o resultado desse trabalho vai contribuir para um mundo melhor. E não estou falando do meu mundo, aquele pequeno onde estão agregados eu e os meus. Não. Falo de algo mais amplo, de um projeto político para a sociedade onde eu estou inserida. E eu sempre trabalhei com paixão, de forma visceral, me doando e crendo na contribuição, cada vez mais qualificada da minha prática.

Mas hoje eu percebo que não se pode ser assim. Não se deve trabalhar com tanta paixão, porque nos tornamos vulneráveis e passíveis de (muitos) cairmos em encruzilhadas. E como pra mim, trabalho também é político, mais cuidado ainda devemos ter. Porque podemos, sem querer nem perceber, ser usados em benefício de outros, que nem sempre são amigos.

Hoje eu vi que caí numa cilada e talvez o preço seja alto. Não sei, vamos aguardar. Oxalá decida o meu melhor caminho.

No entanto sei que, onde eu estiver, estarei de corpo e mente, com menos paixão que hoje, mas sempre crente num processo de fazer aliado ao respeiro e a crença de construção de um mundo melhor. Porque também descobri que o trabalho, além de enobrecer e dignificar a existência nossa, é um instrumento de/para o bem querer da humanidade.

E quando a gente escolhe trabalhar com coletivos esse exercício precisa ser de muito afeto, respeito, honestidade, coragem e tolerância. E é preciso estar muito certo do caminho, de que haverão tropeços e que, em algums momentos, é preciso olhar pra trás para termos a dimensão do que foi construído. Mas é fundamental ter o norte e, pra mim, é esse projeto de uma sociedade igual, justa e equanime.

Espero ver os frutos dessa história.

E você, por que trabalha????

a fábrica daqui

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Feliz Dia do Amigo!!!!

Para tod@s vocês,

Que me olhe nos olhos quando falo.
Que ouça as minhas tristezas e neuroses com paciência.

Preciso de alguém, que venha brigar ao meu lado sem precisar ser convocado; alguém Amigo o suficiente para dizer-me as verdades que não quero ouvir, mesmo sabendo que posso odia-lo por isso.

Neste mundo de céticos, preciso de alguém que creia, nesta coisa misteriosa, desacreditada, quase impossivel de encontrar: A Amizade.

Que teime em ser leal, simples e justo, que não vá embora se algum dia eu perder o meu ouro e não for mais a sensação da festa.

Preciso de um Amigo que receba com gratidão o meu auxílio, a minha mão estendida.
Mesmo que isto seja pouco para as suas necessidades.

Preciso de um Amigo que também seja companheiro, nas farras e pescarias, nas guerras e alegrias, e que no meio da tempestade, grite em coro comigo: "Nós ainda vamos rir muito disso tudo"

Não pude escolher aqueles que me trouxeram ao mundo, mas posso escolher o meu Amigo.
E nessa busca empenho a minha própria alma, pois com uma Amizade Verdadeira, a vida se torna mais simples, mais rica e mais bela...

Charles Chaplin

amigas daqui

Notícias da TV

Chego em casa, depois de um dia de (muito!) trabalho, jurando que vou dar aquela relaxada e dormir o sono d@s just@s... que nada!!! Puro engano!!!

Simplesmente porque tive a infeliz idéia de ligar a televisão e assistir o telejornal. Pra quê? Perdi meu sono e minha tranquilidade, item esse quase sempre em falta no meu dia-a-dia e que estou correndo atrás feito louca...

Mas voltando!

A proposta era chegar em casa, tomar um banho, jantarzinho básico e bem leve para a noite (sem aqueles mimos que só mãe sabe fazer... ai que saudades da sopa de mainha.....). Até aí tudo bem. Banho, jantar e depois... jogo-me na cama e invento de assistir tv (prá 'pegar o sono', como diria um irmão meu, quando pequeno) e me deparo com notícias de crimes. Uma, duas, três notícias seguidas... e me pergunto: gente o que é isso??? "O mundo está ao contrário e ninguém reparou????!!!!" Será que só tem isso pra se falar??? Que saco!!!

Como vocês sabem sou jornalista e minha batalha é pelo direito à comunicação e informação. Sou militante da área, defensora dos direitos humanos, respiro essas questões... mas daí a ter que engolir essas informações do café da manhã ao fim do dia é demais para o meu estômago. Aliás para o de qualquer pessoa.

E por favor, não me venham com essa de "o controle remoto é o instrumento de sua decisão" ou "você tem o poder de escolha, basta mudar de canal". Seria muito bom se fosse assim, ou seja, de que nós, seres humanos, que assistimos tv, tivéssemos mesmo essa liberdade. Mas a realidade é que não é nada assim. Somos prisioneiros do que os 'donos' das tvs querem que nós assistamos. São eles quem decidem, como sempre decidiram, o que nós devemos ver, saber e reproduzir, numa tentativa de criar, ao longo do tempo, uma sociedade de pensamento homogeneizado, contrariando a característica da pluralidade e diversidade da raça humana. Triste e cruel reducionismo. E triste daquele que pensar diferente, "é da esquerda!", gritam imediatamente.

E essa hipótese da liberdade do controle remoto é uma desculpa pra fazer com que a gente acredite que temos mesmo essa 'liberdade'. Mas também não é assim. Nós participamos das decisões da programação? As decisões sobre a condução dos programas televisivos são discutidas conosco? Vocês se reconheçem em algum personagem? Eu respondo NÃO para todas essas questões, infelizmente.

E digo infelizmente porque é meu dinheiro, seu dinheiro que alimenta tudo que vemos e ouvimos. Há um 'esquecimento' básico nessa história: a de que a tv e o rádio são concessões públicas, ou seja, o Estado concede a um ente privado o direito de, neste caso, comunicar. Mas existem alguns critérios que precisam ser cumpridos, entre eles um percentual pequeno de programação regional (que nunca é cumprido, a exemplo de outros).

Pena que não criamos o hábito de dicutir isso e nos obrigamos a assistir tudo o que os outros querem/obrigam, né?

Mas isso é papo que rende muitos blogs, vamos conversando....
E viva a liberdade de expressão!!!!!

imagem prá lá de criativa daqui

domingo, 17 de julho de 2011

O Bordado

Quando eu era pequeno, minha mãe costurava muito. Eu me sentava no chão, brincando perto ela, e sempre lhe perguntava o que estava fazendo. Respondia que estava bordando.

Todo dia era a mesma pergunta e a mesma resposta. Observava seu trabalho de uma posição abaixo de onde ela se encontrava sentada e repetia:

- Mãe, o que a senhora está fazendo?

Dizia-lhe que, de onde eu olhava, o que ela fazia me parecia muito estranho e confuso. Era um amontoado de nós, e fios de cores diferentes, compridos, curtos, uns grossos e outros finos.

Eu não entendia nada. Ela sorria, olhava para baixo e gentilmente me explicava:

- Filho, saia um pouco para brincar e quando terminar meu trabalho eu chamo você e o coloco sentado em meu colo. Deixarei que veja o trabalho da minha posição.

Mas eu continuava a me perguntar lá de baixo:

- Por que ela usava alguns fios de cores escuras e outros claros?

- Por que me pareciam tão desordenados e embaraçados?

- Por que estavam cheios de pontas e nós?

- Por que não tinham ainda uma forma definida?

- Por que demorava tanto para fazer aquilo?

Um dia, quando eu estava brincando no quintal, ela me chamou:

- Filho, venha aqui e sente em meu colo.

Eu sentei no colo dela e me surpreendi ao ver o bordado. Não podia crer! Lá de baixo parecia tão confuso! E de cima vi uma paisagem maravilhosa!

Então minha mãe me disse:

- Filho, de baixo parecia confuso e desordenado porque você não via que na parte de cima havia um belo desenho. Mas, agora, olhando o bordado da minha posição, você sabe o que eu estava fazendo.

Muitas vezes, ao longo dos anos, tenho olhado para o céu e dito:

- Pai, o que estás fazendo?

Ele parece responder:

- Estou bordando a sua vida, filho.

E eu continuo perguntando:

- Mas está tudo tão confuso... Pai, tudo em desordem. Há muitos nós, fatos ruins que não terminam e coisas boas que passam rápido.

O Pai parece me dizer: 'Meu filho, ocupe-se com seu trabalho, descontraia-se, confie em Mim e... Eu farei o meu trabalho. Um dia, colocarei você em meu colo e então vai ver o plano da sua vida da minha posição.'

Muitas vezes não entendemos o que está acontecendo em nossas vidas. As coisas são confusas, não se encaixam e parece que nada dá certo.

É que estamos vendo o avesso da vida!

Do outro lado, Deus está bordando...



Texto enviado pela internauta Elisangela Oliveira - Jacareí/SP, para o blog O Caminho do Meio

Autor: Prof. Damásio de Jesus, um dos maiores tratadistas do Direito Penal Brasileiro, com incontáveis publicações na área Processual. Escrito em novembro de 2002.

mulher bordando daqui

No olho do furacão

Há momentos na vida que parece que passou, ou que está passando um furacão! Sabe aquele vento que chega, sem ser convidado, muda tudo de lugar, bagunça tudo e vai embora... assim, do nada, do mesmo jeito que chegou? É dele que estou falando.

Vida mexida, sentimentos revirados, desorganização instalada e aquele profundo sentimento de... tristeza? solidão? angústia? Talvez um misto de tudo isso. Não se tem mais o que se tinha antes... e agora, o que está por vir? Nesses momentos, de constante apnéia e num esforço danado pra entender o que aconteceu e por que, preciso de quietude, de tranquilidade. É preciso respirar fundo pra ver o tamanho do estrago (ou não!).

Mas mais importante do que saber o tamanho do estrago é saber se houve mesmo um ou se foi o Universo te dando uma mãozinha para abrir as portas àquelas transformações que você tanto deseja, mas que morria de medo de dar o primeiro passo.

É num momento desses que cá me encontro. Muitas mudanças, casa revirada, corpo ressentido (e bastante doído) e a certeza de que ainda é preciso parar e aguardar as cenas do próximo capítulo. Porque eu sinto que o furacão ainda não passou de todo. A poeira ainda não assentou, portanto a luz ainda chegou de todo, há situações ainda por se acomodarem.

A certeza de que ainda é preciso esperar, ter calma, ter coragem para ainda tê-las. Quando se está no olho do furação ou saindo dele, não é o momento de tomar decisões. É preciso cautela.

A sensação? Que que sou uma peça num imenso jogo de xadrez onde eu não sou o jogador... sou peça... e nesse jogo é preciso muita habilidade e paciência, calma e maestria...

furacão daqui

sábado, 9 de julho de 2011

O vexame do frio !!!!

Gente, tem coisas que só acontecem comigo.
Lá vai a pessoa (eu) a dermatologista após mais de um mês com os lábios (da boca!) ferido por conta do frio. Não teve batom da natura, boticário, manteiga de cacau, oncilon com orabase (corticóide puro) que desse jeito... nada... nadinha.... o mal estar lá, persistindo...

Além de ter que comviver com o danado do mal estar, ainda tive que ouvir as piadinhas e as famigeradas suposições com o que havia feito. Eu mereço!!!!

Impaciente com a situação que só se agravava fui logo para uma dermatologista e lá chegando, o diagnóstico: frio. Meus lábios estavam feridos e incomodados com o tanto de frio, somado a alta salinidade desta terra de todos os santos. E o remédio: Bepantol! Isso mesmo, bepantol... aquele pomadinha que a gente bota no bumbum do bebê pra evitar assadura.

Feliz por um tratamento nada invasivo, lá fui eu para a farmácia comprar o danado do bepantol e cotonetes, pois preciso estar colocando diversas vezes ao dia, nunca menos que quatro vezes.

O melhor de tudo é que já no segundo dia, ficou tudo beleza, tô quase boa!!!! Viva!!!!

Portanto fica a dica: pomada Bepantol para os lábios no frio....

p.s.: gente que absurdo! lá fui eu procurar uma imagem de boca e só me apareceram bocas de pessoas brancas. Quando coloquei boca de pessoa negra não aparece nada, apenas imagens de pessoas negras misturadas com carro e outras coisa. Que absurdo!!!

Boca daqui

O Sonho

São exatos 4h32 e acordo de um sonho muito estranho. Eu estava entrando numa casa no meu bairro de  infância. Nós iríamos morar nela agora, eu e minha filhota. Lembrei que essa casa era a que uma amiga minha morava quando estudávamos juntos, no ginásio. E eu sempre tive muita curiosidade em entrar naquele lugar.

Ao adentrar, para minha grande surpresa a casa era muito estranha, por dentro. As paredes mostravam os tijolos, modelo antigo como na era colonial. Aliás tudo naquele lugar me remetia a esta época (colonial). E, à medida em que eu entrava mais me causa incômodo e eu ficava pensando: "Como vamos morar aqui?" Muita areia no chão, que por mais que eu limpasse não limpava.

Minha filha estava comigo e se divertia, sem de dar conta do meu horror. Percebi que tinha um vizinho, do tipo ranzinza, que já veio logo me alertando para nunca dar nada de comer para o filho dele (da mesma idade que a minha filhota) pois ele tinha alergia a uma série de coisas. E ele falava tanto, andava de um lado para outro, todo agoniado. Mas percebi que era o jeito dele mesmo. Ele era alto, magro, tinha uma feição séria para a idade que apresentava ter. E não parava de ir e vir.

Minha filha também não se aquietava e corria de um lado pra outro, dentro da casa, adorando a descoberta. Mas a cada passo que eu dava em direção ao interior daquela casa mais horror me causava. Uma sensação de sujeira constante, apesar de alguém (acho que era minha mãe) dizer que um jeitinho aqui e outro acolá ela iria ficar "agradável". E agradável era a última coisa que eu achava que a casa era. A preocupação em colocar minha filha lá me dava arrepios e me vi ali, perplexa. Aff...

A casa tinha um quintal e, do nada, me apareceu um senho velho, negro, magro, com os cabelos brancos trazendo algo nas mãos e me orientando das coisas que ainda estavam por fazer. Ao olhar aquele homem, de repente, eu vi passar rapidamente na minha frente toda a histórica luta entre senhores e escravos.

Acordei agoniada, muito agoniada... e fiz um esforço para gravar toda cena  vivida em sonho e interpretá-la. E o que me veio foi:

A casa, de quem a via por fora, era imponente, com portas de vidro e um mecanismo diferente de abrir e fechar o que impedia invasões, me remetia o tempo todo a uma casa da fazenda,  mas por dentro escondia toda a insalubridade, a escuridão, a degradação. Era a casa grande e a senzala num mesmo espaço. Onde, apesar dos avanços e do passar do tempo, guardava os mesmos valores de poder e submissão vividos em tempos passados. Os conflitos de poder da época colonial perduram, ainda que as estruturas (a casa) sejam do tempo de hoje. 

Uma certeza eu tive, a de que o tempo não apagou, e talvez não apague nunca, das nossas mentes e corações o que tão bem nos forçaram a crer: sempre vai haver uma pessoa com poder sobre a outra.

Eu quero crer que não!


Imagem daqui

domingo, 12 de junho de 2011

ah!!!! o amor.... aos enamorad@s.....

Bem, não é porque eu não tenho namorado, neste momento, que vou me isentar de deixar para vocês um dos textos que considero mais belos, quanto o assunto é o amor. Por Olavo Bilac, do livro Poesias, A Alvorada do Amor. Espero que curtam, xeros adocicados....


Um horror grande e mudo, um silêncio profundo
No dia do pecado amortalhava o mundo
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden, vendo
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo, disse:

“Chega-te a mim! Entra no meu amor,
E à minha carne entrega a tua carne em flor!
E aprende a amar o amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma a uma, as lágrimas do rosto!

Vê, tudo nos repele! A toda criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação...
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufão de fogo o seio da floresta
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrelas estão cheias de calefrios
Ringe noturno o mar, turva-se hediondo o céu...

Vamos! Que importa Deus?! Desata, como um véu,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão, rasguen-te a pele os ramos,
Morda-te o corpo o sol, injurien-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar pelas urzes através
Se emaranhem no chão as serpentes aos teus pés...
Que importa? O amor, botão apenas entreaberto
Ilumina o degredo e perfuma o deserto!

Amo-te! Sou feliz! Porque do Éden perdido levo tudo
Levando teu corpo querido!

Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar
-Tudo renascerá cantando ao teu olhar
Tudo, marés e céus, árvores e montanhas
Porque a vida perpétua arde em tuas entranhas!
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em torno ao teu corpo encantado e nu
Tudo morrer, que importa? A natureza és tu
Agora que és mulher, agora que pecaste!

Ah! Bendito o momento em que me revelaste
O amor com o teu pecado, e a vida com o 'teu crime'
Porque, livre de Deus, redimido e sublime,
Homem fico na terra, à luz dos olhos teus
Terra melhor que o céu!
Homem, maior que Deus!"


Imagem daqui

sábado, 11 de junho de 2011

Fênix

Olá a tod@s,

afirmei que havia voltado mas, blefei. Não por sacanagem, mas porque não deu mesmo... não fluiu e vocês sabem que quando não flui, quando não rola inspiração o texto não sai. Então é melhor ficar quieta, esperar a ressaca da maré passar e seguir... tentando não sair da rota traçada (rota esta que, muitas vezes, eu penso que já me perdi, faz tempo... mas continuo seguindo... na esperança mesmo de seguir avançando no caminho que vai me levar à felicidade).

Eita processo difícil, exigente, dolorido, confuso, pesado... sofrido. Muito sofrido. Que bom que tá passando. Ah! O Universo é mesmo sábio, mais um pouco e eu não aguentaria mais não.

O mundo, às vezes, bota a gente em situações que fazem a gente parar, né? Não é novidade pra ninguém. O ruim é quanto achamos que não vamos sair dessa. Que não tem luz no fim do túnel. Apesar do pesar, felizmente não foi assim dessa vez. Talvez a idade e as idas e vindas da vida já estejam me ajudando a enfrentar as dificuldades e os desafios que vão se apresentando com mais calma e serenidade. Estou feliz por isso. Em outras ocasiões, o medo que já tive foi tamanho que me paralisou. Mas dessa vez ele veio no lugar do pânico, mas não se instalou. Chegou, ainda tem um pouquinho, mas não fez morada. Não mesmo! Ufa!!!

Mas agora estou aqui, cheia de algo bom, que não consigo dar nome, porque não tem nome que caiba esse sentimento que, felizmente, começa a surgir em mim de novo. Ah! Que bom. To feliz só por isso. Algo tão simples, frágil, sem forma, mas cheio de conteúdo que me faz sentir que estou voltando para o meu eixo de novo. Que bom mesmo!

Como diria um querido amigo mineiro, Will (lindo de morrer, de gato... de uma doçura que nunca vi em qualquer outro da espécie masculina... de derreter qualquer coração!) entrei na caverna (apesar desse recurso ser masculino), mergulhei em mim mesma e fui descobrindo minha capacidade (e coragem) para ouvir, silenciar, observar, esperar... Já tô saindo da caverna... ufa!!! Mas tô indo de volta pra minha toca. ‘Inda preciso de colo e sei que só vou encontrar longe daqui. Quero, preciso, sentir-me em casa, acolhida, segura... quero de novo relaxar e me entregar ao descanso e a paz.

Agora o sol tá voltando a esquentar e a brilhar na minha janela. E a esperança volta a brilhar dentro de mim...

Nesse momento, apenas uma palavra: GRATA!


P.S.: Achoq eu eu deveria procurar o Will pra ajudar a derreter o meu coração de novo, né mesmo?

imagem Fênix daqui

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ser Mãe, minha grande experiência

Como tudo em minha vida, a gravidez de Aishá provocou um grande e profundo movimento. Gravidez há anos esperada, pensada, desejada... Um grande caminho eu percorri para que ela acontecesse, muitos tratamentos, muitas intervenções médicas, remédios para finalmente, com a ajuda de tratamentos complementares como a argiloterapia, homeopatia e acupuntura, termos o resultado “positivo”.

Com o resultado de um Beta HC “positivo” nas mãos e, claro, passado o susto inicial da descoberta, comecei a programar o desenrolar da gravidez e lembrei logo de uma decisão anteriormente tomada: a de procurar o Cais do Parto, ONG pernambucana que lida com o parto numa dimensão humanizada. Algumas semanas depois já estávamos, eu, Aishá e Ruy, freqüentando as reuniões e, posteriormente, já estávamos também em um outro grupo o Boa Hora, coordenado pela minha doula – palavra grega que significa “mulher que serve”, mulheres que dão suportoe físico e emocional no momento do parto.

A participação nesses grupos foi de suma importância para o desenrolar tranqüilo do meu parto, mas o que mais marcou foi a descoberta de que o parto é um evento da mulher. Descobri então, com muitas leituras, debates, visitas a sites especializados que o parto era meu, o corpo era meu, a escolha seria minha. Parece besteira, mas essas descobertas foram decisivas em todo o processo da minha gravidez. É claro, que no meio disso tudo eu nunca esqueci a participação especial do Ruy, pai da Aishá. Durante todo o processo eu tentei inseri-lo nesse movimento, apesar de toda a dificuldade que surgia... eu não quis ser a única protagonista de um filme que na minha cabeça deveria ser composto por um triângulo “mágico”.

Minha gravidez chegou às 40 semanas e 1 dia. Passagem por quatro obstetras, mas com todos os exames solicitados em ordem. Uma gravidez normal, sem intercorrências e aos 09 de junho nascia minha pequena Aishá. E hoje percebo que esse nome não veio à toa, Vida... e foi vida que ela trouxe pra minha caminhada.

Durante as duas semanas anteriores ao parto vinha tenho contrações e entrava várias vezes em “falso trabalho de parto” e alguma coisa me dizia que quando entrasse, de fato, eu não perceberia. Dito e feito, aos 09 de maio, após uma noite muito bem dormida, acordei com aquela cólica chata, como quem vai menstruar, e assim passou toda a manhã. Por volta do meio do dia, liguei para Dani (Daniela Gayoso), minha doula, e comentei com ela o que vinha acontecendo e esta me sugeriu marcar o tempo dessas contrações. Foi quando descobri que das 12 às 13 horas, estava com 10 minutos de intervalo. Achei estranho, pois das 13 às 14h já contavam 5 minutos (as pessoas diziam que tudo começava com 20 em 20 para depois ir reduzindo, a minha já estava em 5 em 5!). Liguei para Dani novamente e foi ela quem se aperreou. Sugeriu que eu fosse ver a parteira ou fosse direto no Cais (do Parto) e eu ficava tranqüilizando ela dizendo que não havia necessidade, que estava tudo bem e não precisava de pressa. Depois de muita insistência da Dani concordei e combinamos que de ela passaria na casa de D. Prazeres – a parteira - e iriam para a casa da minha mãe, onde eu estava.

Depois de certo tempo, liga a Dani dizendo que o carro estava sem gasolina e que ela iria demorar mais um pouco para poder providenciar tudo, sugerindo que a parteira viesse de táxi para ser mais rápido. Eu continuei tranqüilizando-a e disse que esperaria ela resolver e ir buscar a D. Prazeres. Lá pelas 17h elas chegaram, depois ainda de um outro problema com o carro da Dani (agora foi o pneu, furado!).

Só me dei conta de que estava em verdadeiro trabalho de parto quando D. Prazeres, após o primeiro “toque” me disse que eu já estava com 3 cm de dilatação. A intenção era de que tanto a Dani quanto D. Prazeres fossem para suas casas e só mais tarde eu as chamaria. Optei por não chamar a Marcele e a Sônia (ambas do Cais do Parto) uma vez que eu já estava sendo assistida e havia muitas outras grávidas de mesmo tempo que eu. E se outra mulher resolvesse dar à luz também naquele momento?

A minha bebê mudou todos os nossos planos. Imediatamente após o toque, precisei ir ao “banheiro” e, logo em seguida, as contrações se intensificaram e ficaram menos espaçadas. Nesse momento, eu já estava me incomodando com as dores e foi a Dani quem ligou para o Ruy informado e pedindo que ele viesse para ficar comigo. Quando ele chegou fomos para nossa casa. Nessa altura, todos lá na casa da minha mãe já sabiam que eu entrara em trabalho de parto e meu irmão e padrinho da bebê, Rigoberto, encarregou-se de avisar aos nossos amig@s do acontecido, mudando completamente nosso plano inicial.

Entre a casa da minha mãe e a minha tive três contrações, agora elas já viam fortes. Já em casa fui direto para bola, mas não conseguia me mexer muito, pois o movimento do parto já estava forte. Depois de certo tempo, tomei um banho morno que muito me ajudou (gente é ótimo!). A Dani e o Ruy acomodaram vários travesseiros e eu fiquei encostada neles. Fiquei assim durante muito tempo e, quando as contrações vinham, eu não permitia que ninguém tocasse e mim; só eu podia e apertava fortemente as mãos do Ruy e da Dani (depois de certo tempo comecei a me preocupar em não machucar a mão pequenininha da Dani, mas ela tava lá firme e tranqüila).

Foi quando percebi um movimento em minha casa, que na minha programação apenas mainha, a parteira, a doula, Ruy e eu deveríamos estar presentes. Lembro de ter visto Rigo, Ricardo – meu outro irmão, Janeide, mainha e Natalie – madrinha da bebê e que dias depois disse que não havia entrado até a bebê já ter nascido, mas que a vi, vi sim. Lembro também da Karla que chegou com algumas rosas e falou coisas bonitas e companheiras ao meu ouvido. Mas a presença dessas pessoas não me perturbaram. Eu só me preocupava com a presença da Janeide - a Jan não parecia ter “estômago” para acompanhar um evento desses. É muito viceral, muito cru mesmo – me preocupava também com mainha e tentava gritar menos e mais baixo – eu não tinha idéia de que a essa altura todo o quarteirão já sabia o que estava acontecendo.

As dores ficaram quase insuportáveis. Em algum momento desses, foi feito um outro “toque” e eu ouvi que estava já com 6 cm – mas na verdade, foram duas horas após e eu estava com 6,5 cm. Agora eu tinha medo de não poder ir até o fim, de não agüentar, porque a coisa é muito forte – só sabe quem passa. Eu ficava pedindo a Dani alguma coisa que aliviasse e ela sugeria e tentávamos respiração, novas posições, mas a dor não cedia. D. Prazeres sugeriu então que ficasse no banquinho e passei outro bom tempo lá. Nessa posição comecei a perceber a saída de alguma coisa e a Dani me disse que era o tampão, mas saiu tanto que me impressionou. Nessa posição, depois de certo tempo, as contrações emendaram e D. Prazeres e a Dani me questionavam se eu sentia vontade de fazer força e se daria para fazer um outro toque, que eu neguei imediatamente – eu sabia que a média é de 1 cm de dilatação por hora, depois daquelas dores tão fortes se eu soubesse que só estaria com 7 cm, o que eu ia fazer? Pedir uma anestesia, morfina... qualquer coisa para aliviar aquela dor.

Em certo momento, D. Prazeres pediu que eu ficasse em pé apoiada em Ruy, mas eu não quis. Mas com jeitinho, elas conseguiram me convencer. Percebi que o Ruy era mesmo forte porque eu me pendurava nele e ele só dizia “pode se pendurar que eu lhe seguro, não tenha medo” e eu me pendurava mesmo como se dessa forma eu pudesse transferir para ele toda aquela dor. Nessa posição a dor mudou de cara e eu comecei a fazer força pra baixo. D. Prazeres pediu para me apoiarem na cama e tudo tinha que ser bem rápido eu dizia porque as dores estavam emendadas mesmo. Lembro que ter feito apenas duas ou três forças quando veio uma bem forte e diferente, eu dizendo que não agüentava mais, e as vozes de Dani e Janeide me dizendo que estava nascendo, que elas já estavam vendo a cabecinha dela. Nessa hora minha respiração ficou bem longa, bem grande e eu senti algo esquentando, D. Prazeres me perguntou se eu queria tocar a cabeça dela, mas eu disse que não porque fiquei com medo, era tanta dor que eu queria que acabasse logo, que ela nascesse logo, que ela viesse logo para os meus braços.

E assim foi, quando abri os olhos a vi saindo, bem quietinha, virou a cabecinha, olhou pra gente e ficou lá. Só depois chorou, mas bem do jeitinho dela. Eu pensei: “nossa, ela já nasceu de olhos abertos”. Senti vários beijos de Ruy, chorando em meu ombro me dizendo que ela nasceu e que se parecia com ele. Todos choraram, menos eu. Eu ficava só olhando para ela e muito incomodada com as dores ainda. Depois que limparam o nariz e boquinha dela me deram ela, ainda com o cordão pulsando, e ela veio direto para o meu peito. Havia muita energia no ar, em todos, foi um nascimento comungado, coletivo, esperado, vivenciado e amado por todos os seres que estavam em sintonia com aquele momento, aquela casa.

Depois disso os procedimentos normais de limpeza e sutura, e muita produção de sucos, sopas porque eu fiquei com uma sede absurda. Fiquei tonta, mole, exausta, mas com um sentimento de plenitude, leveza, bem estar, felicidade, emponderamento. A minha felicidade e gratidão a Deus eram do tamanho do mundo, cabia todo o mundo dentro dela. E descobri que quando uma mulher dá à luz, não nasce apenas um bebê, nasce uma nova mulher, uma nova pessoa.