quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Gentileza gera (mesmo!) gentileza...


Tem coisa mais estressante, hoje em dia, do que o trânsito que não flui???? Aff, eu fico estressadíssima, mal humorada, agoniada. E o que mais me impressiona e me “tira dos meus eixos” (outra frase feita minha que adoro!!!) é perceber que ele se torna pior pela falta de gentileza das pessoas. É impressionante isso.

Essa ausência parece refletir o altíssimo nível de estresse, desgosto e/ou desencanto que vivemos. Parece que a gentileza foi uma palavra retirada do nosso dicionário.

Certa vez eu ouvi de uma pessoa muito querida, aliás, uma das pessoas mais humanas que tive a honra e o prazer de conhecer, que me disse algo que jamais esqueci. Segundo ela, esse modelo capitalista de vida é tão perverso que ele entra nos espaços mais privados da nossa vida. Ele não se contenta apenas em ocupar o nosso labor. E é de tal forma que chega e se estabelece na vida pessoal, interferindo inclusive nas nossas relações íntimas. Lá instalada, começamos a ter uma postura competitiva dentro dessas relações, sejam elas de amizade, familiares ou com @ outr@.

Impactada com a sua fala, ela ia esclarecendo que nós nos preocupamos mais em sermos a pessoa mais simpática, mais amiga... Mais, mais e mais ao invés de sermos nós mesmas. E quando o assunto é o relacionamento com o par ... Aí é que o bicho pega e a porca torce o rabo! Porque começamos a competir na ânsia de agradar, de se preocupar, de fazer, de não sermos abandonados e sequer traídos... E assim, sem perceber, passamos a criticar, a esperar e a exigir mais do outro...  E de nós mesmos.

E nessa preocupação em sermos mais, esquecemo-nos de ser, simplesmente, nós, seres com tantas as incompletudes, incapacidades, deficiências, inconclusões e (muita) confusão. Controlamos tanto que (“precisamos”) ocupar todo o tempo do outro, qualquer alteração de pressão e temperatura dela(e), deve ser apenas para e/ou por nós. Precisamos saber com quem fala, por que, qual a ligação que se tem... E assim entramos numa noia* ensandecida que parece não ter mais volta. E, repito, isso tudo sem percebermos. Imaginando que seja um processo “natural”, um mero sinal de atenção e investimento na relação (pasmem!).

Acredito um pouco nessa fala, apesar dela ainda me chocar. Na verdade, alegro-me por ficar espantada, porque significa, pra mim, que é uma forma de me indignar com essa realidade.

E fica claro, também, a nossa fragilidade em viver as coisas do intangível, do que está no campo dos sentimentos e, portanto, daquilo onde o ser humano, realmente, não consegue interferir. Mas fico feliz, de novo, pela existência desse espaço do nosso não controle...

E você pode estar se perguntando como é que um texto que começa a falar sobre trânsito passa a falar de relação. E eu respondo: porque estamos, no fundo, falando de gentileza. Aquela palavrinha doce e mimosa (vixe! Mimosa é nome de vaca!) tão bem externada pelo poeta de mesmo nome que parece mesmo ter saído do nosso dia-a-dia.

Eu entendo que é profundamente exigente (aprendi essa palavra com um amigo prá lá de louco!) num mundo como esse em que estamos, com tantas negações de direitos e do que é básico mesmo a nossa existência, pensar em sermos gentis e doces. Mas eu acredito que o Universo seria muito melhor de se conviver, as relações mais amadas e a terra mais humanizada se ousássemos um pouquinho no quesito gentileza.

Afinal, não custa nada dar um bom dia, deixar o outro mudar de faixa, fazer uma manobra ou mesmo estacionar. Não custa nada sinalizar pra que lado vai entrar. Não custa nada parar um pouco a nossa pressa para ouvir o outro. Não custa nada ser educado e gentil. Não vamos ficar mais pobres, nem menos inteligente... simplesmente não custa nada, mesmo! Tenho certeza que até o trânsito fluiria melhor...

Melhor seria se conseguíssemos sorrir também. Seria, sem sombra de dúvidas, um excelente remédio para o estresse.... rsrsrs

“Amor, palavra que liberta... já dizia o poeta”

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Esse post é dedicado a minha querida amiga Leuça. Pra você, mulher, com muito afeto!

* Noia – diminutivo de paranóia (Psicopatia crônica, de evolução lenta e progressiva, caracterizada por delírios de grandeza e/ou de perseguição, estruturados de modo lógico. Fonte: Aurélio)

Imagem linda daqui. vc lê outra reflexão interessante.



Selo lindo aqui.

10 comentários:

  1. É como diz Marisa Monte em sua musica Gentileza

    “Nós que passamos apressados
    Pelas ruas da cidade
    Merecemos ler as letras
    E as palavras de Gentileza
    Por isso eu pergunto
    À você no mundo
    Se é mais inteligente
    O livro ou a sabedoria “...
    Pois é Fabricia como vc citou no fial “ Melhor seria se conseguíssemos sorrir também. Seria, sem sombra de dúvidas, um excelente remédio para o estresse “ Concordo com você temos que cultivar sempre a alegria e o bom humor… Aprender a sorrir!

    Ser alguém disposto a colaborar c/os outros...

    Beijokass
    E mais uma vez parabéns por essa sua nova fase.
    Sucesso!!!!

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  2. Amei seu post, como sempre. Eu acho que gera, em alguns casos, não, mas deveria! Aquele que te dá uma grosseria e recebe em troca uma resposta gentil, fica mal..lá no fundo, em algum lugar..ahhh..se fica...como vc disse, não custa nada ser gentil! Beijocas

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  3. Olá,
    Você está indo muito bem, eu não dirijo (quer dizer carro) dirijo minha vida que já é prá lá de difícil, mais o trânsito me apavora e as vezes passo isso até para quem com boa vontade me dar carona, por Deus as vezes prefiro andar de ônibus (não sei se é pq ele é grande e vou me distraindo olhando a paisagem e não vendo tão de perto a ausência de gentileza que toma cada vez mais dimensão na cabeça do ser humano...dá medo e ainda tem os motoqueiros que fazem todo o tipo de malabarismo no trânsito. Enfim continue a nos fazer refletir sobre os causos do cotidiano.Beijos Fátima

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  4. Ah! que bom que vcs estão curtindo...
    É muito gratificante. Como acredito que é partilhando que vamos nos conhecendo e nos resolvendo saber que há mais pessoas que comungam desses pensamentos e se expressam neste espaço me estimula a escrever mais... quem sabe não é a minha tão sonhada carreira de escritora que está mesmo começando???

    E vamos sempre nos lembrando que um "outro mundo é possível!". Com mais afeto, alegria e gentileza.... rsrsrsrsrs

    Xeros em tod@s,

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  5. Fabi,

    Concordo e muito com você sobre como uma boa ação pode gerar um ciclo de boas ações...pensando no trânsito, se eu puder, prefiro não me estressar dirigindo, é melhor pegar um ônibus e ir pensando na vida...mas tem momentos em que realmente é necessário enfrentar o trânsito e ir de carro.
    Tenho sentido vontade de andar de bicicleta...seria um momento de relaxar, fazendo um exercício físico ao mesmo tempo...precisamos buscar qualidade de vida...

    Torço muito por vc! Sempre que puder, passo aqui ;)
    Bjoos

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  6. Fá!
    acho que tudo isso tem a ver com a noss incapacidade de viver o momento presente, de curtir o caminho, sem focar tanto o ponto de chegada. o trânsito é uma metáfora da vida, com a diferença que na vida não portamos armas (pelo menos a maioria nao porta -ainda bem... rsrsrs). entramos no nosso tanque de guerra, na nossa armadura, deixamos de ser gente e o outro também.
    há alguns anos, quando o trânisto de SSA estava pior, pq tinha várias obras no meu caminho, eu vivia uma pilha, diante da insustentabilidade daquela situação, decidi curtir o engarrafamento: dava passagem a todo mundo, ficava quieta na minha faixa, ouvia músicas, ouvia todas as notícias, ou falava no celular o caminho todo o_O - com fone, calma! os quarenta minutos diários para percorrer um trecho que já fiz em dez viraram uma diversão e não aumentou meu tempo de percurso em nada...
    é claro que nem sempre consigo me manter nesta vibe, mas que tento, tento...
    beijoCa...

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  7. Fabi,

    eu morro de medo de pensar em bicicleta, nesse trânsito, pra ser bem sincera. Mas tenho fé de que, um dia, iremos chegar a esse grau de desenvolvimento... e olha que vai ser bem romântico, não é???

    xeros e grata pela visita

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  8. Fa (desculpe a intimidade) adorei seu blog e fiquei muito feliz que gostou do meu post sobre gentileza, acredito muito nessa premissa e que podemos fazer nossa parte sim. Até um sorriso não custa nada neh! Bjos e muito sucesso em toda a sua vida!

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  9. GOSTEI DO BLOG FABRICIA MELO JA SOU SEU FÃ DE CARTEIRINHA

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  10. Grata Andrems,

    é muito bom saber que estou agradando, rs

    xeros

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