sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sobre o trabalho

Por que se trabalha?
Algumas pessoas responderiam que é pra ter dinheiro e pagar contas. Outras, porque é necessário para prosseguir a vida e outras (poucas), e eu me incluo neste grupo, porque sem o trabalho a vida não teria sentido.

Lembro do período pós-parto em que tive um momento que eu quase enlouqueci por estar sem um trabalho produtivo (sim, produtivo porque o reprodutivo eu tive de montão.)
Pausa para esclarecer a diferença entre o trabalho produtivo e o reprodutivo. Em rápidas palavras, trabalho produtivo é aquele em que a pessoa trabalha e é remunerada. Ao contrário do reprodutivo onde a pessoa trabalha e não é remunerada, a exemplo das donas de casa.)

E foi neste momento que eu percebi o quanto o trabalho tem um espaço na minha vida. Mas trabalhar precisa ter um sentido maior do que apenas trocar a minha força de trabalho por alguns (poucos!) reais. É preciso ter um motivo, algo que me leve adiante, um horizonte. E, pra mim, esse horizonte não significa apenas ter condições de dar uma vida digna a mim, minha família e ajudar meus amig@s. Isso é o meu piso. O teto é que está além... Precisa estar muito além. Senão, do contrário, eu não caminho, não me envolvo, não ajo.

Por isso é tão importante, pra mim, estar encantada com o que faço e acreditar que o resultado desse trabalho vai contribuir para um mundo melhor. E não estou falando do meu mundo, aquele pequeno onde estão agregados eu e os meus. Não. Falo de algo mais amplo, de um projeto político para a sociedade onde eu estou inserida. E eu sempre trabalhei com paixão, de forma visceral, me doando e crendo na contribuição, cada vez mais qualificada da minha prática.

Mas hoje eu percebo que não se pode ser assim. Não se deve trabalhar com tanta paixão, porque nos tornamos vulneráveis e passíveis de (muitos) cairmos em encruzilhadas. E como pra mim, trabalho também é político, mais cuidado ainda devemos ter. Porque podemos, sem querer nem perceber, ser usados em benefício de outros, que nem sempre são amigos.

Hoje eu vi que caí numa cilada e talvez o preço seja alto. Não sei, vamos aguardar. Oxalá decida o meu melhor caminho.

No entanto sei que, onde eu estiver, estarei de corpo e mente, com menos paixão que hoje, mas sempre crente num processo de fazer aliado ao respeiro e a crença de construção de um mundo melhor. Porque também descobri que o trabalho, além de enobrecer e dignificar a existência nossa, é um instrumento de/para o bem querer da humanidade.

E quando a gente escolhe trabalhar com coletivos esse exercício precisa ser de muito afeto, respeito, honestidade, coragem e tolerância. E é preciso estar muito certo do caminho, de que haverão tropeços e que, em algums momentos, é preciso olhar pra trás para termos a dimensão do que foi construído. Mas é fundamental ter o norte e, pra mim, é esse projeto de uma sociedade igual, justa e equanime.

Espero ver os frutos dessa história.

E você, por que trabalha????

a fábrica daqui

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