sábado, 9 de julho de 2011

O Sonho

São exatos 4h32 e acordo de um sonho muito estranho. Eu estava entrando numa casa no meu bairro de  infância. Nós iríamos morar nela agora, eu e minha filhota. Lembrei que essa casa era a que uma amiga minha morava quando estudávamos juntos, no ginásio. E eu sempre tive muita curiosidade em entrar naquele lugar.

Ao adentrar, para minha grande surpresa a casa era muito estranha, por dentro. As paredes mostravam os tijolos, modelo antigo como na era colonial. Aliás tudo naquele lugar me remetia a esta época (colonial). E, à medida em que eu entrava mais me causa incômodo e eu ficava pensando: "Como vamos morar aqui?" Muita areia no chão, que por mais que eu limpasse não limpava.

Minha filha estava comigo e se divertia, sem de dar conta do meu horror. Percebi que tinha um vizinho, do tipo ranzinza, que já veio logo me alertando para nunca dar nada de comer para o filho dele (da mesma idade que a minha filhota) pois ele tinha alergia a uma série de coisas. E ele falava tanto, andava de um lado para outro, todo agoniado. Mas percebi que era o jeito dele mesmo. Ele era alto, magro, tinha uma feição séria para a idade que apresentava ter. E não parava de ir e vir.

Minha filha também não se aquietava e corria de um lado pra outro, dentro da casa, adorando a descoberta. Mas a cada passo que eu dava em direção ao interior daquela casa mais horror me causava. Uma sensação de sujeira constante, apesar de alguém (acho que era minha mãe) dizer que um jeitinho aqui e outro acolá ela iria ficar "agradável". E agradável era a última coisa que eu achava que a casa era. A preocupação em colocar minha filha lá me dava arrepios e me vi ali, perplexa. Aff...

A casa tinha um quintal e, do nada, me apareceu um senho velho, negro, magro, com os cabelos brancos trazendo algo nas mãos e me orientando das coisas que ainda estavam por fazer. Ao olhar aquele homem, de repente, eu vi passar rapidamente na minha frente toda a histórica luta entre senhores e escravos.

Acordei agoniada, muito agoniada... e fiz um esforço para gravar toda cena  vivida em sonho e interpretá-la. E o que me veio foi:

A casa, de quem a via por fora, era imponente, com portas de vidro e um mecanismo diferente de abrir e fechar o que impedia invasões, me remetia o tempo todo a uma casa da fazenda,  mas por dentro escondia toda a insalubridade, a escuridão, a degradação. Era a casa grande e a senzala num mesmo espaço. Onde, apesar dos avanços e do passar do tempo, guardava os mesmos valores de poder e submissão vividos em tempos passados. Os conflitos de poder da época colonial perduram, ainda que as estruturas (a casa) sejam do tempo de hoje. 

Uma certeza eu tive, a de que o tempo não apagou, e talvez não apague nunca, das nossas mentes e corações o que tão bem nos forçaram a crer: sempre vai haver uma pessoa com poder sobre a outra.

Eu quero crer que não!


Imagem daqui

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