segunda-feira, 25 de julho de 2011

“Ver e não ligar” ou simplesmente a história de alguém que não queria morrer...

Essa é uma frase que está no quadro de avisos de uma sala de trabalho. Na verdade é um quadro onde são colocadas frases para inspirar o dia-a-dia dos funcionários.

Ela poderia ser interpretada como uma frase de desleixo ou mesmo de irresponsabilidade. Mas na verdade foi posta lá para servir de limite às iniciativas dos funcionários às tarefas que são da competência dos mesmos. Num ambiente de profissionais cheios de espírito autônomo, idéias criativas e iniciativas para que tudo dê certo um elemento que oriente ao foco é importante.

Como a resposta às características apresentadas acima nem sempre são vistas como positivas, por quem está no poder, a equipe encontrou em frases como esta um jeito de se privar de aborrecimentos e assédios. Isso porque implica em literalmente ver as coisas erradas e as injustiças, corriqueiras do mundo do trabalho, e abstrair.

Exercitando a abstração nos privamos de sofrer com aquilo que não podemos resolver, por não termos governabilidade para resolvê-las. É uma forma de dizer bonito o que vivo comentando com amigos sobre a necessidade de ficarmos “dementes”, desligados... vendo e não ligando...

E assim vamos levando a vida: redefinindo posturas, condutas e tentando adequá-las ao que nos é exigido, quando não imposto. Acho tudo isso uma droga, mas o que fazer quando a estrutura é maior que você e, pra piorar, neste momento, você precisa desta (indigna) estrutura para sobreviver? Que outra forma senão se adequar a ela, ainda que temporariamente?

Penso que o “pulo do gato” está na nossa capacidade de fazer essa “adequação” sem nos violentarmos muito (!). Porque só o esforço para se adequar a práticas que você desacredita e até repudia, num caso mais extremo, já é por si só uma violência a você e às suas crenças. Assim, qual a opção que resta? Sinceramente não vejo muitas. Apenas a de respirar fundo, lembrar do motivo que ainda te prende a esta situação, refletir o peso dos prós e contras e decidir.

Neste momento de reflexão é importante olhar bem pra dentro da gente, revisitando nossos valores, nossas crenças, nossas propostas e, principalmente, fazer aquele esforço danado para ouvir a vozinha interior dizendo qual a nossa vocação, o que te dá prazer, o que é mesmo que te realiza e sem o qual você não conseguirá ser feliz. Feito tudo isso, ouvido os zilhões de conselhos que as pessoas próximas sempre estão à disposição de dar, na melhor das intenções, pare. Respire fundo novamente e se pergunte qual o caminho mesmo que você escolheu, “o que (e quem) você quer ser quando crescer?” e veja o tanto que já caminhou neste sentido. Se a resposta obtida justificar mais esse esforço e solicitar que você continue no ambiente em questão, permaneça.

Mas permaneça de coração tranqüilo e mente prática. Faça exatamente aquilo que você precisa fazer, fique o exato tempo que você precisar ficar e ponto. A dedicação, a fidelidade, a energia devem estar voltadas agora para este sonho que você acaba de redescobrir e reavivar na sua mente e no seu coração. Mantenha-se firme neste propósito. Trate bem a todos que estão à sua volta e relaxe. Agradeça. Agradeça e Agradeça.

Respire fundo novamente e cuide-se... seu sonho está perto de ser realizado. Só por isso, por ter sobrevivido, por ter renovado suas esperanças, agradeça, agradeça e agradeça.



imagem em contemplação daqui

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