quinta-feira, 31 de março de 2011

Minha metamorfose ou os processos de mudanças que estou descobrindo em mim...

Ai!
O vazio ainda se faz presente. E isso é um saco! Na boa...
Fico me perguntando, incansavelmente, sobre o que isso significa. Sei que tenho motivos: to me recuperando de um colapso financeiro, estou longe da minha família, especialmente, da minha filhota (isso sim é terrível), o local onde trabalho está passando por transição (não sei realmente como fica a minha situação lá... preciso de aumento!!!!!!), estou sozinha...

Enfim, um vazio só...

A vida tá aquela rotina chata: de casa para o trabalho, do trabalho para casa... o blog tem sido minha salvação. Ufa! Ainda bem que criei coragem pra escrever...

Bem, conversando com uma amiga há alguns dias, um trecho do relato dela me chamou a atenção.  Ela descobrira uma traição do marido, mas não se separou dele. E entre tantos pensamentos que teve, eis o que chamou a minha atenção: ela o amava muito e sabia que a fidelidade não era algo que ela conseguiria com outro. E, segundo o conselho de um (outro) homem, ela poderia mudar até de pessoa, de cara e número de sapato, mas a situação seria a mesma. Porque os homens são assim mesmo...

Minha amiga não se separou, segurou a onda dela e hoje é mãe de dois filhos e está super feliz... Continua casada com o mesmo cidadão. Fico feliz por ela e, mais ainda agora depois de saber dessa história. Descobri que ela era corajosa. Aliás, relatos assim têm mudado meu conceito sobre as fêmeas. Eu cresci achando que as que mereciam admiração eram aquelas que numa situação assim, por exemplo, largavam o marido, dizendo um “não” bem redondo para o machismo e o sexismo. Hoje eu começo a descobrir que existem vários jeitos de ser fêmea que também são admiráveis. Esse é um deles. Um jeito de ter coragem pra transcender o sofrimento e correr atrás do que se quer, de ir à luta. Tô aprendendo (viu, André?!).

Bem, eu prefiro não acreditar nessa de que os homens “são assim mesmo”. Porque tratar a questão da infidelidade masculina assim, pra mim é tratá-la com uma naturalidade que não é real e que, definitivamente, não existe. Ao menos no meu entender, repito. Eu, na verdade, tenho uma resistência danada em acreditar nisso. Até porque, se formos a fundo, e não é minha intenção neste momento, nós, mulheres temos nossa parcela de responsabilidade, tanto quanto os homens, em reproduzir esse machismo e sexismo. Penso que é uma questão cultural, católica, capitalista e etc, etc, etc....

E pensando assim, me veio outro pensamento...

Às vezes eu acho que não entendo muito bem a diferença entre fidelidade e lealdade.
Acho que sempre confundi esses conceitos. E essa fala da minha amiga, de alguma forma, mexeu comigo. Por um instante eu fiquei me perguntando se era isso que tava atrapalhando a minha vida, a rigidez comigo e com o outro.

Essa coisa, quase dogmática, que a sociedade acolheu de que homem pode tudo e que as mulheres têm que aceitar, sempre incomodou- me. Acho que me neguei a aceitar isso de forma quase que religiosa. E hoje, minhas vivências me levam a crer que eu deveria/poderia ter sido mais flexível. Até porque é muita imposição, muita coisa jogada de cima e que, não necessariamente, as pessoas são desse jeito. A vida tá muito estereotipada (também, né? No país do bigbrother, queria o quê?) Percebo hoje que sempre vi a vida de forma muito maniqueísta, o certo e o errado, o bom e o ruim, o tudo ou o nada.

Vivi muita coisa boa, também já sofri à beça. Em alguns momentos fui inflexível. Noutros me abri demais e o retorno não foi o mesmo. Também cobrei demais, esperei demais. E descobri que não podemos ser assim. A minha verdade não é a verdade do outro. Ele tem a verdade dele e eu devo respeitar, como eu quero ser respeitada.

Ainda tô naquela do “não concordo, então caio fora!”. Será que esse é o melhor jeito de lidar com a vida e as pessoas? Eu to começando a achar que não.

É... parece que a palavra desse ano será a flexibilidade. que bom que a vida tem disso... a gente segue assim, se metamorfoseando....


Mudanças

Composição : Vanusa e Sérgio Sá

Hoje eu vou mudar
Vasculhar minhas gavetas
Jogar fora sentimentos
E ressentimentos tolos.

Fazer limpeza no armário
Retirar traças e teias
E angústias da minha mente
Parar de sofrer
Por coisas tão pequeninas
Deixar de ser menina
Pra ser mulher!


Hoje eu vou mudar
Por na balança a coragem
Me entregar no que acredito
Pra ser o que sou sem medo.

Dançar e cantar por hábito
E não ter cantos escuros
Pra guardar os meus segredos
Parar de dizer:

"Não tenho tempo pra vida
Que grita dentro de mim
Me libertar!"


(DECLAMANDO)
Hoje eu vou mudar
Sair de dentro de mim
E não usar somente o coração
Parar de cobrar os fracassos
Soltar os laços
E prender as amarras da razão!

Voar livre
Com todos os meus defeitos
Pra que eu possa libertar
Os meus direitos
E não cobrar dessa vida
Nem rumos e nem decisões!


Hoje eu preciso
e vou mudar
Dividir no tempo
E somar no vento
Todas as coisas
Que um dia sonhei
conquistar,

Porque sou mulher
Como qualquer uma
Com dúvidas e soluções
Com erros e acertos
Amor e desamor.

Suave como a gaivota
E ferina como a leoa
Tranqüila e pacificadora
Mas ao mesmo tempo
Irreverente e revolucionária!

Feliz e infeliz
Realista e sonhadora
Submissa por condição
Mas independente por opinião,

Porque sou mulher
Com todas as incoerências
Que fazem de nós
Um forte sexo fraco!


Imagem daqui

quarta-feira, 30 de março de 2011

Como se esquece alguém ou da dificuldade de esquecer...

Por que é tão difícil esquecer alguém quando se precisa/quer esquecer? Aliás, sabe aquela máxima cantada pela Vanessa da Mata: “Peço tanto a Deus para lhe esquecer, mas só de pedir me lembro...” pois bem, é assim que me pego ultimamente. Sem conseguir esquecer alguém que surgiu, bagunçou e que já era pra ter ido. Sim, porque se ainda me pego pensando tanto nesta pessoa, é porque ela está bem presente, né?

Na verdade não estou entendendo esse acontecimento. Eu fui levada a decidir, pelo andar da carruagem e o comportamento  da pessoa em questão (sic! não era o meu desejo!), que teria que esquecê-la. Que não dava/daria (mais) certo, que eu estava me envolvendo e ele não já havia alertado que não esse interesse, etc, etc, etc... E como eu não estava a fim de me estressar considerei que o melhor a fazer era me afastar. E foi o que fiz e tenho feito... com certa dificuldade, claro. Mas, fazer o quê, né? Não tenho mais disposição pra sofrer!!

Lembro sempre de uma diálogo que ouvi, sem querer, entre meus pais. Meu pai , do alto da sua vivência comentando com mainha sobre mim: “não adianta. Teremos sempre que ter o quarto dela pronto. Porque ela não tem paciência com homem nenhum. Ela é fogo! Num instante esquenta a cabeça e olha aí: manda ele embora e pronto! Não quer nem saber!”... morro de rir só de lembrar da cena.

Mas hei de convir que ele está certo. Homem pra mim, pra estar junto tem que ser na base da poesia, da alegria, do prazer e do companherismo. Tem que dar colo,  mandar flores, trazer chocolates e dançar comigo! Kkkkk se não for assim, pra contribuir com felicidade, pra que seria? Eu trabalho, pago minhas contas, tenho minhas dívidas, dirijo meu carro, troco pneus (hoje em dia prefiro chamar o seguro porque sempre tô com um saia/vestido considerado curtos por algums e/ou com um belo decote. Imaginaram a cena em me ver trocando pneus numa avenida movimentada???? Rsrsrsrs). Dou conta de mim. E o outro precisa somar de outro jeito. No afeto, no carinho e prazer, repito.

Então, pra mim o parceiro tem que ser mesmo parceiro, companheiro. Tem que estar junto. E não aparecer quando ele acha de deve... quando ele tem vontade... porque a dois, precisa mesmo significa a dois. Quando há a necessidade, quando há vontade e quando há desejo. Chega essa de só quando ele quer... só quando ele pode... até porque, e nós sabemos bem, que quando se quer realmente toda distância é pequena, toda falta de tempo vira um tempinho pra te ver e pra te ligar... quando se quer... tudo fica mais gostoto.

Ah! Não sei até quando isso vai durar... só espero que passe logo... se alguém souber de alguma receita, alguma simpatia, qualquer coisa faça o favor de me dizer, tá?!

Como canta a querida Roberta Sá: “...amor de usar e abusar, to fora!”



Imagem mulher saudade daqui

Zé Alencar, a dignidade venceu o preconceito

Em junho de 2002, quando o preconceito contra o candidato Lula e o ódio a seu partido, o PT, eram inoculados dioturnamente na opinião pública pelas trombetas da orquestra midiático-tucana, um empresário rico, bem-sucedido, aceitou transformar-se em antídoto ao veneno difamatório. Tornou-se vice na chapa do operário metalúrgico. Filho de Muriaé,  (MG), dono do maior complexo têxtil do país, a Coteminas, o então senador José Alencar, o Zé, como Lula passou a chamá-lo carinhosamente, sabia muito bem o que estava fazendo. A voz grave e pausada de quem conhece o manejo criterioso da pontuação oral  tornou-se aos poucos portadora de mensagens que muitos de seus pares, majoritariamente engajados então na candidatura de José Serra, estremeciam só de ouvir. Em parte, a esquerda petista também se surpreendeu; aos poucos, trocaria o preconceito pelo respeito afetuoso. "Nacionalismo não é xenofobia, é interesse pelo próprio  país", disparava em entrevista ao site da campanha "Lula Presidente", em julho de 2002. 'Podemos abdicar de nossas fronteiras econômicas?, questionava na mesma ocasião indagando sobre  a ALCA, agenda prestigiosa então, majoritariamente defendida pelo conservadorismo pró-Serra. "Mas e as fronteiras políticas?" argüia mineiramente "Vamos ter um só Presidente da República no mundo globalizado? Será que ele vai defender nossos interesses? Uma só moeda? Quem vai controlá-la? Uma só política monetária? Sabemos que não é assim", respondia então com o mesmo sorriso maroto que arrematava as interrogações provocativas. "Se não é assim continuamos a existir como país. Não podemos abdicar de nossas fronteiras e obrigações políticas". Por essas e por outras, Lula, na passagem para o segundo turno em outubro de 2002, num debate com delegações estrangeiras, brincou: " Às vezes eu preciso lembrar o Zé que é para ele ficar a minha direita, não a minha esquerda". José Alencar faleceu nesta 3º feira, em SP, aos 79 anos. 
 
 
 
 
 
 
Descanse em paz, Zé!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem José Alencar daqui
Imagem José Alencar e Lula daqui
Quando o negro é politicamente correto
A discussão sobre relações raciais e racismo instalou-se definitivamente no campo do debate publico brasileiro, ocupando as paginas da imprensa, os bancos universitários e até mesmo os tribunais, com posições acirradas a favor ou contra ações afirmativas baseadas no critério racial.
Ana Paula Maravalho 

terça-feira, 29 de março de 2011

Sobre os discursos politicamente corretos e a #Infância Sem Racismo

Uma amiga blogueira, a Mari do viciadosemcolo, pediu-me para ler seu último post. Na verdade, sempre que postamos informamos uma à outra para saber a opinião sobre o que escrevemos. Apesar de termos conseguido tecer uma amizade pura e verdadeira, onde falamos para a outra o que realmente pensamos, sem “papas na língua”, somos muito diferentes. Nossas origens são completamente antagônicas, idem para nossa caminhada... enfim, em um bocado de coisas. Mas a Mari tem uma coisa que eu admiro bastante (aliás, ela tem um bocado de coisa que eu admiro), ela sempre procura e consegue (!) encontrar o ponto de união, ela sempre chega no ponto de convergência das coisas e com as pessoas. E isso é raro, como também é raro sua competência em análises. É lógico que não concordo com tudo o que ela fala, até porque ela fala muito e, ás vezes me deixa tonta. Fala tanto quanto eu, quem me conhece sabe... eu fico, muitas pensando como é que conseguimos nos entender, porque nós não paramos a boca!!! Rsrsrsrsrs Mas ela fala mais do que eu...

Bem, a Mari, postou um post (redundante, né? Hãããããã) que fala sobre o uso do discurso politicamente correto. Para ela isso pode, entre outras coisas que discordo, ser uma perda de tempo. Repito: discordo. Defendo e uso, como já perceberam, de grafias e expressões “politicamente corretas”. Na verdade, era apenas para eu ler e tecer um comentário, especialmente para ser um contraponto ao olhar dela e das demais seguidoras (gente, Mari é cheia de seguidoras, até de fora do Brasil. Imaginem só que luxo!!! rsrsrss). E justamente por isso, eu não poderia escrever qualquer coisa, senti que precisava estar mais embasada. E fui à cata de mais informações. E nesse processo, percebi que não agüentaria e teria que escrever mais que um comentário. Então, peço licença a ela para escrever um post que compartilho com vocês agora.

Gostaria de dizer que esse texto está baseado não apenas nas minhas impressões, inclusive como pessoa com certa caminhada nos movimentos sociais, especialmente na militância em direitos humanos. Esse post terá também os olhares de alguns autores que andei pesquisando, após o convite de contribuir com o viciadosemcolo.

Segundo Mari, no post intitulado “patrulhamento x infância sem racismo”, a preocupação com o termo “politicamente correto” interfere no debate, ao ponto de desfocar da discussão, e caminha até a (possibilidade de) ausência do debate provocada pelo medo das pessoas de se exporem ao utilizarem termos equivocados. Penso que é válida essa análise. Mas eu prefiro olhar por outro lado.

Segundo especialistas da análise do discurso (AD) a abordagem vai além do viés lingüístico, chegando, obviamente e onde queremos focar neste texto, na relevância política. Este último nos solicita refletir sobre a relação entre o som e o(s) sentido(s) das expressões. Segundo dois teóricos, POSSENTI e BARONAS (2006), este é um problema antigo e insolúvel e que apresenta aspectos cruciais, mas que considero importantes, tais:

a) que a significação depende dos discursos em que as palavras e enunciados ocorrem; b) que são certas palavras que fazem, em boa medida, com que textos sejam considerados racistas, machistas etc; c) que a relação entre som e sentido (só) é explicável historicamente; d) que há alguma relação entre o sujeito do discurso e o discurso, mas, no fim das contas, o sentido independe (das intenções) dos sujeitos que produzem os enunciados. (POSSENTI e BARONAS, 2006)

Segundo esses mesmos autores, o cenário semântico, ou seja, do discurso, tornou-se um espaço de luta de classes, uma vez que o signo (a palavra) não reflete a realidade, mas desvia a atenção desta.

Mais adiante, os autores concluem que:

Os movimentos, em seu comportamento politicamente correto tem méritos políticos óbvios. Mas, em relação à linguagem, comete alguns equívocos relativamente banais. Por exemplo: a) considera que a troca de palavras marcadas por palavras não marcadas ideologicamente pode produzir a diminuição dos preconceitos. Trata-se de uma tese simplista, já que é mais provavelmente a existência dos preconceitos que produz aqueles efeitos de sentido, embora não se possa desprezar o fato de que o discurso pode servir para realimentar as condições sociais que dão suporte às ideologias e aos próprios discursos. A hipótese das palavras "puras" é certamente ingênua. (idem) grifo nosso.

Reconheço e defendo que não podemos negar “a natureza dinâmica da linguagem, com sua permanente modificação de formas e sentidos”, defendida pelo colunista Jânio de Freitas, mas também não podemos continuar a crer que as palavras são inocentes e esvaziadas de sentido. Esse recheio (pode) sim carrega(r) um contexto preconceituoso. E nesse sentido, as palavras e os tons (!) são encarados de forma muito séria pelos movimentos sociais (instâncias representativas das minorias) porque a fala, o discurso, reflete o sentimento, o que está por traz, o que realmente pensamos e que, muitas vezes não nos damos conta. Perfeitamente humano, racional e, portanto, natural.


E para que o preconceito, seja ele qual for e em que nível for, seja finalmente findado (redundância provocativa e consciente!), se é que é possível, e eu quero crer que sim, é preciso encarar essa realidade de frente. E uma forma de encarar e partir para a ação é mudando nosso discurso. E pra isso precisamos mesmo dessa “reprogramação”. Afinal, não existe discurso (coerente) sem prática e não há prática sem o respaldo do discurso. Imaginem um governo que fala, fala e fala em igualdade e respeito às mulheres e não cria uma instância para que essa discussão entre na sua agenda política? E passe da agenda para a ação? Isso é fácil? Todos sabemos que não. Isso se faz apenas com uma assinatura do governador? Também sabemos que não. Mas os primeiros passos precisam ser dados. Ou você acha que todos os direitos trabalhistas foram conseguidos de uma só vez? Não, foram anos e anos de lutas, reinvidicações e mortes... custou muito caro ao trabalhador e trabalhadora cada direito adquirido até hoje.

Não dá mais pra esconder que o Brasil é um país racista, machista, homofóbico e que ele se expressa também na nossa fala. Afinal, por que não chamamos @ cidadão de negr@? Por medo de ofender, né? Porque virou “ofensa” ser negr@. Somos obrigados, como faz a Mari, a esperar que a pessoa se autodenomine, veja só se pode? Num país onde tem um estado com uma capital com maior número de pessoas negras, após a África!

É terrível isso, mas é a mais pura verdade. E essa verdade ainda mata muita gente. Qualquer pesquisa nos mostra que estou certa, infelizmente: quem morre, no país da “liberdade racial” são os jovens, negros, que moram nas periferias. Do total de mulheres violentadas e mortas, a maioria é negra.


A violência, seja ela física ou psicológica, tem cara, tem gênero, classe social, mas prinpalmente ela tem cor. E é a negra.

E nós nos ofendemos/incomodamos por pessoas usarem termos politicamente corretos? Ou quando alguém vai mais além e nos chama a atenção por termos externado nosso preconceito, por meio da fala?

Na verdade isso reflete uma outra face dessa guerra, que é a face da não aceitação dessa realidade, do nosso desejo de fechar os olhos e negar o que vemos. Em outras palavras do “racismo à brasileira”. Que é aquele racismo encoberto, maquiado.  Segundo pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, em 2004, 87% dos brasileiros reconheciam o racismo no país, mas apenas 4% se reconhecia como racista. Alguém pode me explicar como se explica isso??? Eu aprendi que a matemática era uma ciência exata, exatíssima!!!!! E essa conta não tá batendo... como um país pode ser considerado racista se apenas a ínfima minoria da sua população se reconhece racista?

O problema é que talvez quem se incomoda com a exigência do movimento sobre o uso do politicamente correto nunca tenha passado por nenhum preconceito, sequer algum constrangimento. Muito ao contrário, talvez tenha até recebido privilégios pela cor da sua pele e a textura do seu cabelo. Ui! Peguei pesado!! Não quis ofender. Mas esse tema mexe.

Agora é claro que há os excessos, afinal lidamos com seres humanos, e não somos nada fácil de lidar. Tem os radicalismos e as extravagâncias. E é justamente por tudo isso que precisamos ter bom senso. Até para não perdermos a chance de avançar.

É lógico que não podemos nos dar ao luxo de deixar toda a nossa educação formal e não formal (e católica!) de lado. Até porque a construção do saber sempre teve um lado, nós é que podíamos não estar atentos para... e, obviamente que carregamos, conscientes ou não, um grande ranço preconceituoso. Quem aqui nunca falou algo preconceituoso, machista ou racista? Eu já me vi em cada situação... terrível!! Diversas vezes já quis que o chão se abrisse embaixo de mim e que eu sumisse, tamanha vergonha por alguma bobagem dita, sem a menor intenção. Mas disse. E é nesse momento que percebo o quanto sou racista, machista e preconceituosa. E acabo me perguntando: mas por que diacho eu me referi àquela pessoa como sendo “uma negra linda”, “um negro gostoso”? Por que tive que enfatizar a cor da pele??? A cor da pele muda alguma coisa? A beleza está determinada por ela? Mas enfim, deparo-me constantemente com esses deslizes, e fico me policiando mesmo. Mas nem por isso, deixo de falar sobre o tema, inclusive em público. Porque, concordando com os movimentos, esse tema precisa vir à tona. Só tomando consciência dele e encarando-o conseguiremos avançar para o seu fim. E acho que esse debate é muito rico e que aprendemos muito com ele.

Tem um vídeo que ilustra um pouco o que tô tentando dizer, da minha validação por esse movimento quanto ao cuidado com a fala e da reafirmação de expressões que não carreguem qualquer traço preconceituoso. Trata-se da entrevista da Dilma Roussef, presidenta eleita, concedida à Ana Maria Braga, onde ela explica sobre a escolha de ser chamada de “presidenta”. Vale à pena conferir.

Como dia a socióloga baiana Vilma Reis, “falar de racismo não necessariamente é um debate cordial. E nem tem que ser!”



                                             
                                    (aos 7min e 38seg)



“... é uma obrigação da primeira presidenta reforçar o signo feminino. Eu estou aqui porque uma porção de mulheres saíram de suas casa e foram trabalhar e estudar... E esse conjunto de mulheres apareceu e começou, cada vez mais, a construir o Brasil  de forma muito quietinha, muito anônima, mas cada vez mais passaram a construir o Brasil de forma muito mais clara, muito mais explícita. Então eu devo isso a todas as mulheres brasileiras: ser presidentA”. Dilma Roussef


Referências
A linguagem politicamente correta no Brasil: uma língua de madeira?
Sírio Possenti
Roberto Leiser Baronas

O brasileiro, o racismo silencioso e a emancipação do afro-descendente
Ricardo Franklin Ferreira

Diálogos sobre o racismo
José Antonio Moroni

Combate à mortalidade da juventude negra




Imagem não existe racismo no Brasil daqui

Imagem palavras caladas daqui

A sexualidade através dos signos

Olá gente!!!
Hoje chegamos ao fim da nossa série O Caminho do Orgasmo.
No post de hoje a relação do sexo com os signos zodiacais. Receba as dicas e delicie-se!!!!!

Áries - Ela: voluntariosa, gosta de desempenhar o papel ativo na cama. Uma vez decidida é capaz de satisfazer seus desejos em qualquer local e hora. Ela precisa sentir paixão ao fazer amor, entrega-se por completo e não tem nenhuma inibição em gemer e gritar de prazer. Ele: seu entusiasmo sexual ilimitado tem matizes do homem das cavernas. A vida inclui amostras constantes de um temperamento exaltado, gestos extravagantes e relações sexuais intensas.

Touro - Ela: um romance ardente é o que toda taurina deseja. Ela precisa ser um pouco mimada no início. Adora se demorar nas carícias preliminares e é muito sensível ao sexo oral. Ele: possessivo, romântico e cuidadoso com dinheiro, ele prefere os envolvimentos sérios. É difícil fazê-lo desistir quando ele já tem a mulher sob mira. Ele gosta de penetrar a mulher por trás.

Gêmeos - Ela: poderá se envolver com numerosos amantes antes de pôr a cabeça no lugar. Adora fantasiar, especialmente situações que envolvam mais de dois parceiros. Estar na cama com uma geminiana significa estar fazendo sexo grupal. Ela aprecia a luxúria e todos os brinquedos sexuais. Ele: está sempre fazendo duas coisas ao mesmo tempo.  O homem deste signo tem tendências bissexuais e gosta de apreciar seu próprio desempenho na cama com auxílio de espelhos. Gosta de pensar que está apaixonado e de filmes pornográficos.

Câncer - Ela: nas suas fantasias eróticas as imagens envolvendo água predominam. É provável que ela fantasie fazer amor numa praia, à luz da lua ou no chuveiro. Ou que ela goste de se masturbar com jatos d’água. Ele: é um tipo sexualmente exigente, mas também é um amante sensível e criativo. Sua mente cheia de imaginação está constantemente renovando seu repertório sexual. Sua libido sobe e desce como a maré, pois é a lua que o rege. Ele aprecia mulheres usando calcinhas de renda branca.

Leão - Ela: amor, romance e relações sexuais são essenciais para ela. É uma mulher sexualmente ardente e pode aterrorizar homens sensíveis. Ele: precisa de muito sexo e dá o máximo de si para que cada relação seja emocionalmente inesquecível. É muito ciumento, embora se reserve o direito de total liberdade.

Virgem - Ela: em geral, a mulher de virgem não coloca o sexo acima de alguns deveres. Algumas fantasias secretas podem incluir jogos do tipo médico e enfermeira ou senhor e escrava. Ele: prefere que a mulher tome a iniciativa, mas, uma vez que ela faça isso, torna-se um amante muito agradável.

Libra - Ela: necessita de admiração e precisa também admirar o parceiro para poder exibi-lo. Sua diversão é paquerar e adora exibir o corpo. Ele: possui imaginação erótica ativa e sonha com amantes potenciais. Conhecedor dos prazeres carnais tem imensa curiosidade sexual. Para ele, as mulheres são como um campo florido e ele quer colher todas as flores.

Escorpião - Ela: tem energia e apetite sexual correspondente a várias mulheres. Suas fantasias vêm das profundezas do abismo. Ela adora algemas e meias de seda preta. Ele: este homem tem uma capacidade quase feminina para a emoção. Despe a mulher num olhar. Os limites de suas inclinações sexuais beiram a imoralidade.

Sagitário - Ela: independente, atira suas flechas bem longe. Adora viajar, muitas vezes de uma cama para outra. Carícias preliminares refinadas e lentas não a aquecem, pois é ardente e animal. Ele: precisa de muita atividade sexual e consegue ser surpreendentemente romântico quando não está mal-humorado.

Capricórnio - Ela: dona de um apetite sexual surpreendente é capaz de manter uma longa lista de amantes até decidir que é hora de assentar a cabeça. Em sua mente, sexo, dinheiro e poder estão intimamente ligados. Ele: não gosta de levar um não como resposta, por isso será pouco inteligente flertar com ele caso seja só por brincadeira. Profundamente sexual, gosta de saber onde pisa. Aprecia jogos preliminares que encenem a escravidão.

Aquário - Ela: quer ser amada pelo cérebro que tem. Ama o corpo e você também deve amá-lo. É inovadora e criativa sexualmente. Ele: apaixona-se facilmente, mas evita compromissos permanentes. Adora preliminares demoradas.

Peixes - Ela: sugestiva e com a emoção à flor da pele é freqüentemente vítima de paixões incontroláveis. Excita-se com todas as formas de erotismo. Bastante romântica o que lhe interessa é o ato físico, desde que venha numa embalagem de sonho. Ele: anseia pelo amor incondicional de uma mulher forte e por amores clandestinos. Sente-se particularmente atraído por pés e pernas femininos, adora a amada de salto agulha, e mais nada. Tem os próprios pés muito sensíveis: uma massagem sensual neles pode levá-lo ao êxtase. Adora mordidas.


Fonte: Projeto Experimental de conclusão do curso de Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco, 1997, da jornalista Rosely Arantes.

Imagem daqui

sexta-feira, 25 de março de 2011

O Pós-Pílula

Bem ou mal, a Revolução Sexual promovida nos anos 60 trouxe valiosos frutos. O surgimento da pílula anticoncepcional promoveu mudanças pra lá de biológicas. Permitiu desvincular o ato sexual da procriação, função quase que exclusiva - perdendo apenas para a promoção da satisfação masculina. Esse novo método possibilitou repensar as questões sexuais e deu um novo significado ao ato em si. “Ä possibilidade de controlar a própria fecundidade permitiu à mulher ser sujeito do seu próprio corpo”, afirma a socióloga Lúcia Ribeiro, especialista em Sociologia da Saúde, em seu texto Sexualidade - Em Busca de Uma Nova Ética.

No entanto, longe do que muitos pensam os padrões tradicionais não foram extintos. Eles continuam coexistindo com fórmulas modernas de viver a sexualidade. A permissão da prática se superpõe à rigidez de princípios, “levando a uma grande hipocrisia social onde o ‘vale-tudo’ no comportamento concreto convive com o escândalo e a ‘defesa da honra”, afirma Lúcia Ribeiro.

A sexualidade tomada no aspecto da expressão e da comunicação deu um novo valor ao corpo, enquanto instrumento de realização humana. Resgatou o direito ao prazer, antes negado à mulher e também ao homem. Não é à toa que temas relacionados ao sexo estejam sendo cada vez mais discutidos, impondo uma urgência em se debater a sexualidade em todas as suas instâncias.

Fonte: Projeto Experimental de conclusão do curso de Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco, 1997, da jornalista Rosely Arantes.

 
Imagem da MUSA
Irreverente e sensual, a atriz Leila Diniz, então com 23 anos, tornou-se um modelo para uma geração de mulheres que descobria a liberdade sexual (legenda daqui)


quinta-feira, 24 de março de 2011

#Infância Sem Racismo - "Bico na diagonal"

- Mainha, o céu tá é preto de chuva!
- Não diga isso, minha filha, que é pecado!
- Mas ele tá preto mesmo, olha lá!
- Minha filha, não se pode dizer que o céu tá preto. Lá é a casa de Deus!!!

Gente! Imaginem isso dito para uma criança??? Seria cômico se não fosse trágico, não é mesmo?

Pois é. Pensando nessa campanha da #Infância Sem Racismo comecei a pensar sobre que momentos de racismo presenciei na minha infância. E vi que foram muitos.

Filha de uma família muito misturada, como toda família brasileira, sou a única “desbotada” entre todos os meus seis irmãos (tenho que ficar indo direto para o sol pra “segurar o bronze”, do contrário, fico parecendo anêmica. Quem já viu??). Quando crianças nossa mãe nos levava para aqueles salões de beleza e tínhamos que passar por aqueles processos de “amansa a juba” - que eram um saco! E, muitas vezes, saíamos de lá com nossa cabeça ferida, tamanha química que usavam. Nessa época não havia controle sobre o tipo de produto que era utilizado nas crianças, como agora. E eu achava tão estranho sentir meu cabelo fininho, leve... me dava a impressão que ia soltar da cabeça e sair voando por aí. Vai ver que é por conta disso que criei uma certa aversão a esses estabelecimentos, hoje só vou em último caso, mesmo. Não me sinto à vontade, as conversas que circulam por lá me incomodam – o mesmo para o som e os vídeos. Arg!!!! E as revistas?! Só caras, quem e coisas do tipo, quando chego lá com um livro ou jornal parece que sou uma extraterrestre. Mas enfim.... faz parte do mundo moderno.

Adorei quando a minha irmã, um ano mais velha do que eu, revoltou-se e deu seu grito de libertação: “abaixo o alisamento!!!” e passou a assumir os cachos e a cuidar deles com esmero. Eu fui beneficiada “por tabela”.

Ela, certamente, sofreu mais preconceito do que eu. Eu era mais “desbotada” e com cabelos mais “finos”. Lembro que num determinado trabalho, numa ONG, diga-se de passagem, onde pensamos que essas coisas estão superadas, tinham pessoas que não aceitavam o tipo de cabelo dela. Criticavam e viviam dando pitaco para ela “acalmá-los”. Massa que ela não dava ouvidos e procurava espaços que tratavam e respeitavam os cabelos dos negros e negras.

Sempre engajada nas discussões sobre direitos e igualdade ela foi, assim, mostrando para o mundo que não tinha nada que se envergonhar, nem da cor (que é belíssima!! Eu mesma morro de inveja daquela cor) e muito menos dos cabelos. Isso sem contar em tantas outras situações que não vou citar aqui, porque nem conversei com ela pra saber se ela se importava que compartilhasse isso com vocês. Basta dizer que no trabalho que exercia, e ela é advogada, em salões de beleza, com a família e demais espaços que freqüentamos a pressão é imensa.

Há uma dificuldade mesmo, ela é real e não camuflada da não aceitação ao que foge à regra. E a regra é: mulher (bonita) tem que ser branca, com cabelos lisos e loiros. Minha irmão é negra, com cabelos escuros e cacheados. Hoje eu percebo o quanto ela não deve ter sofrido ou mesmo se incomodado com isso. Que bom que ela fez o que a socióloga Vilma Reis vive dizendo: “negro tem que andar com o bico na diagonal!” e hoje ela é minha referência em vários sentidos. Parabéns minha irmã pela mulher corajosa, decidida, que se respeita e respeita @ outr@. Fico feliz e orgulhosa por ser sua irmã.

E ainda tem gente que acredita que no Brasil não há preconceito. Mas sobre isso falaremos noutro post, tá?

Imagem de cachos daqui

O sexo na história

Motivo de vergonha e preconceito no passado hoje o sexo está na boca do povo

O botão do controle remoto é acionado e a TV começa a funcionar. Na tela a imagem de um casal simulando uma relação sexual numa propaganda de uma marca de relógio. Segundos depois, mais apologia ao sexo em anúncios de discos, cosméticos e revistas provando que ele já faz parte do nosso dia-a-dia. O sexo perdeu o tabu e chegou às escolas, ruas e consultórios médicos numa discussão incessante sobre a busca do prazer. Todos buscam hoje satisfação nas relações homo e heterossexuais.

A geração dos anos 60, nos seus questionamentos provocou um estado de indefinição que ainda hoje não foi transposta. Segundo Heloneida Studart, no livro Mulher: A Quem Pertence O Seu Corpo, em 1968, surgiu um clima confuso de insegurança negada e ciúme sufocado. Uma grande quantidade de mulheres acreditava que tivera chegado sua vez e hora, era a ocasião de considerar o amor “tão simples como uma coca-cola”. Em Ipanema, elas perguntavam abertamente “quem quer transar comigo?” enquanto os casais de “papel-passado” anunciavam relações abertas onde o marido procurava conquistar as amigas e as mulheres iam para a cama com os amigos mais próximos.

Companheiros de caminhada - Na verdade, a Revolução Sexual representou a busca da libertação afetivo-sexual o que exigiu também uma conotação política. Como afirma Silvana Melo especialista em terapia sexual de casais, saiu-se do extremo da repressão para o liberalismo total. Esta geração do hoje vive a tormenta do processo de mudança: passou uma experiência em que a repressão era total e não houve satisfação. Agora passa pela época da liberação, das relações sem compromissos e que por sua vez também não está satisfazendo. Já a psicóloga Aida Novelino, que prepara a tese de mestrado sobre feminilidade, contesta essa revolução. “A mudança radical é de fachada porque as concepções se mantêm”. Para ela, só haverá uma mudança, nas relações de gênero, quando forem dissociadas a feminilidade da maternidade e a honra feminina da sua postura sexual.

A Igreja Católica entende que a revolução sexual chegou provocando mudanças e trazendo novos comportamentos nem sempre aceitáveis. Segundo o padre salesiano Luis de Gonzaga, este liberalismo trouxe como ponto positivo a discussão da realidade sexual, sempre colocada como um tabu pela sociedade e, como negativo a colocação das relações afetivo-sexuais em outro extremo. “Essa liberação a Igreja condena. Ela transforma a pessoa humana em objeto de uso, de prazer somente onde o sexo é separado da pessoa humana”, afirma.

Naturalidade - Mas, falar de sexo abertamente é algo que ainda deixa muitos envergonhados, desconcertados e cria um clima de desconfiança no ar. Apesar de existir dúvidas e incertezas acerca do tema.

No entanto, nem sempre foi assim. “No início do século XVII, o assunto era tratado com mais liberdade e o prazer era discutido como algo natural”, afirma Michel Foucault no livro História da Sexualidade. Ao contrário de hoje, quando para muitos a satisfação sexual tem um tom de utopia. Ele explica que os atos e as palavras tinham livre acesso em todos os ambientes inclusive na presença das crianças.

De repente, tudo mudou e a sexualidade foi limitada à procriação. “A família cristã o confisca e o Estado junto com a Igreja ditam a nova lei”, conclui Foucault. Historicamente era a burguesia quem estava no poder e a revolução capitalista tomava corpo. Explorava-se a força de trabalho e o ato sexual que não fosse reservado à procriação era intolerado. O prazer passou a ser escandaloso, indecoroso, proibido e, principalmente, subversivo. O ato sexual toma uma feição política passando a ser reprimido, a inexistir e a ser mutilado. O simples fato de falar dele possui, ainda hoje e em qualquer ambiente, um ar de transgressão.

Estupro do Divino - Segundo o Pe. Gonzaga, essa posição da Igreja reflete a filosofia platônico-agostiniana que trazia uma visão negativa onde o corpo era a prisão da alma. Ele tinha de ser evitado e a negação do prazer elevaria a alma. Era uma leitura radical e fundamentalista da Bíblia. Condenava-se tudo relacionado ao sexo e ao corpo como manifestação de uma tendência para o mal. Mas, segundo ele, a Igreja Católica evoluiu e revalorizou essas questões, seja numa reflexão teológica ou filosófica de descoberta da pessoa como uma integridade. “O sexo é agora uma expressão vista na totalidade da pessoa humana”, finaliza.

Hoje, a sociedade caminha para a igualdade. Onde se têm antecipadamente definidos os papéis de homem e mulher. Aos poucos, as pessoas têm se permitido relações afetivo-sexuais de companheirismo onde se divide, de fato, as alegrias e tristezas, sonhos e utopias. “Como diz a própria palavra aquele que compartilha, que caminha ao lado e, principalmente, que está no mesmo nível hierárquico”, conclui Silvana Melo.



Fonte: Projeto Experimental de conclusão do curso de Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco, 1997, da jornalista Rosely Arantes.


 
Imagem pílula

quarta-feira, 23 de março de 2011

#Infância Sem Racismo - Dicas de como podemos contribuir

Diversidade étnico-racial entre as crianças deve ser motivo de orgulho – e não razão para discriminação.

Chamar a atenção sobre os impactos do racismo na formação de uma criança é reconquistar os valores e as atitudes que possibilitam o reconhecimento da riqueza da diversidade brasileira; e de como essa riqueza tem valor como bem imaterial para nossas crianças e adolescentes, gerando uma sociedade mais justa.

O Brasil tem desenvolvido muitas ações relevantes em favor da criança. Mas a distância entre a política pública e as crianças indígenas, brancas e negras é muito grande e persiste há muitos anos.

Para fazer acontecer a igualdade é preciso olhar de frente essa questão e dar o valor devido à diversidade.

Crianças e adolescentes têm o direito a conhecer e valorizar os diferentes modos de agir, de pensar, de ver o mundo e de aprender a se relacionar com o outro.

Crianças também têm o direito de ser reconhecidas em suas identidades e de desenvolver a sua autoestima e seus valores como grupo étnico ou histórico.

As dicas, pela UNICEF:

1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.

2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isso acontecer.

3. Não classifique o outro pela cor da pele; o essencial você ainda não viu. Lembre-se: racismo é crime.

4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre-lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente.

Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.

5. Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.

7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.

8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber se o local onde você trabalha participa também dessa agenda. Se não, fale disso com seus colegas e supervisores.

9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.

10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra; e como enfrentar o racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura.


Fonte: Unicef

O sexo dos "lobos"

Um fator imprescindível para uma boa vivência da sexualidade é estar atento a todas as modificações. A idade se eleva e com ela o desgaste físico, como é o caso dos idosos. Mas envelhecer não significa perder a capacidade sexual.

O sexo está ligado à idade biológica e não à idade cronológica. Ao contrário, dos que muito pensam o idoso não é um ser assexuado. Há modificações orgânicas e até da própria libido. Mas isso não quer dizer o fim do prazer.

Uma cultura que supervaloriza a vitalidade juvenil, em detrimento do amadurecimento físico, pode trazer sérios problemas de ordem emocional. “Muitos indivíduos de 60 anos, perfeitamente saudáveis e sexuais, chegam a estranhar as próprias necessidades de coito. Alguns idosos chegam a se sentirem culpados quando fazem sexo”, afirma a médica Marilene Vargas no livro Manual do Tesão e do Orgasmo.

A pessoa tem apenas que ficar atenta ao surgimento de algumas modificações. Tanto no homem como na mulher, elas acontecem em conseqüência da diminuição de hormônios. No entanto, a simples reposição hormonal, vitamínica e de sais minerais resolve o problema. Para isso é preciso que o idoso tenha acompanhamento médico especializado.


Alterações orgânicas mais freqüentes apresentadas pelos idosos

Na Mulher

  • Vagina seca e dolorida, que sangra a penetração ou que apresenta lubrificação insuficiente, encurtamento e diminuição da elasticidade;
  • Atrofia da mama;
  • Pele seca;
  • Irritabilidade;
  • Depressão

No Homem

  • Alteração dos hormônios gonadotróficos;
  • Apatia;
  • Perda de peso;
  • Diminuição da libido, da concentração, da necessidade de ejacular e mesmo da quantidade de esperma;
  • Podem surgir também alterações na potência;
  • Debilidade;
  • Problemas intestinais;
  • Demora a conseguir a excitação.


Fonte: Projeto Experimental de conclusão do curso de Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco, 1997, da jornalista Rosely Arantes.

Imagem daqui

terça-feira, 22 de março de 2011

As fases do orgasmo

A sexualidade é algo que acompanha o homem desde o seu nascimento. O ato de sugar o seio e o contato direto com o corpo da mãe é a primeira experiência sexual do ser humano, provando que as crianças não são seres assexuados.

No passado, as crianças e os adolescentes eram deixados de lado da discussão sobre o sexo. Hoje, garotos de 10 anos já sabem para que serve uma camisa-de-vênus. Antecipou-se a vida adulta dessa garotada e por conseqüência a sexual, mas perdeu-se de vista se eles realmente estavam preparados para isso.

A estimulação exagerada de cenas eróticas promovida pelos veículos de comunicação tem sido ponto de discussão entre pais e crianças. “A toda hora tem uma cena de sexo ou que induz ao sexo. Isso para uma criança de sete anos é complicado porque não faz parte da sua realidade. Mas ela está vendo, quer saber o que é e por que acontece aquilo. O jeito é diminuir o tempo que ela fica vendo a TV”, desabafa Maria Luíza, pedagoga e mãe de Alexandra, 7 anos.

A realidade é que as programações estão recheadas de cenas e letras maliciosas e que facilmente caem na boca das crianças. Como essa do grupo É O Tchan:  “Bota  a  mão no joelho, e dá uma baixadinha. Vai descendo gostoso, balançando a bundinha...” Mas até que ponto esse exagero na estimulação interfere no desenvolvimento infanto-juvenil?

Para o endocrinologista Alexandre Caldas, essa é uma estimulação perigosa porque antecipa uma realidade para a qual a pessoa ainda não está preparada. Existe no organismo uma região do cérebro chamada de hipotálamo que está parada, do ponto de vista sexual. Ele está “desligado” nas meninas até os oito anos e nos meninos até os nove. Com essa estimulação o hipotálamo entra em atividade e começa a liberar os hormônios sexuais antes do tempo. “Dessa forma, há uma antecipação da puberdade”, conclui.

Bissexualidade natural - Na adolescência isso se torna ainda pior porque é perdida a noção dos limites. “É um problema ter que discutir com os jovens assuntos dessa natureza. Eles são muito novos e ainda é cedo para esses assuntos. É uma fase muito difícil”, lamenta Maria José, mãe de Diogo, 15, e Felipe, 13 anos.

Mas a quebra de tabus, em torno de temas sobre a sexualidade, promovida pelos meios de comunicação trouxe frutos valiosos. O nível de informação, oferecido nesta faixa etária, é de deixar qualquer jovem de décadas anteriores morto de inveja. “Agora não preciso ficar vendo revistas escondido. É só ligar a televisão que se aprende tudo, até a colocar a camisinha”, afirma satisfeito o estudante Wagner Santana, 17 anos.

A adolescência, no entanto, não deixou de ser aquele período conturbado na vida do ser humano, onde se contesta tudo e se vive coisas até então misteriosas. Tudo ainda agride. É nesta fase de dúvidas e incertezas que “relações com pessoas do mesmo sexo podem ocorrer, sem que isso seja determinante na futura escolha sexual” explica a médica Marilene Vargas, em seu livro Manual do Tesão e do Orgasmo.

A passagem da adolescência para a juventude promove, além de mudanças físicas, um período de intenso desenvolvimento sexual tanto para o homem quanto para a mulher. Mas isso não quer dizer que o sexo seja algo imediatamente prazeroso como se pensa. O início da vida sexual é quase sempre atribulado. “Foi complicado e para piorar tinha de ser escondido e rápido”, lamenta André Acioli, 15 anos.

Puberdade - No adolescente, a ereção é freqüente, espontânea e instantânea. A polução - eliminação involuntária de esperma - e as práticas masturbatórias ocorrem independentes de fantasias. Aos 17 anos, o jovem chega ao grau máximo de potência sexual. O tamanho do pênis varia de 8 a 22 cm, modificando significativamente aos 11, 13 e 16 anos. A ejaculação ocorre por volta dos 13 anos e 7 meses e a quantidade de esperma, na fase puberal, é de l a 3 ml, sendo num adulto 12 a 25 ml.

Na mulher, a caracterização da puberdade se dá inicialmente com a chegada da menstruação e significa que ela está fisicamente preparada para procriar. As mamas já têm uma conformação de seios, os mamilos já estão mais salientes e os pêlos pubianos presentes. Por volta dos 20 anos, ocorrem mudanças da quantidade dos hormônios luteinizantes, folículos-estimulantes, estrogênios e progesterona. Essa mudança provoca um período de maior prazer sexual para as mulheres.

Uma outra fase que é vivida satisfatoriamente pelas mulheres é o período da gravidez. Passados os primeiros três meses, onde os enjôos são constantes, as possibilidades do aborto são diminuídas. O preconceito que muitas mulheres têm do próprio corpo é superado e o prazer se torna mais intenso.

Prazer a três – Muitas mulheres percebem-se mais espontâneas para o sexo quando estão grávidas. No começo do quarto mês, os tecidos ao redor e dentro da vagina modificam-se, permanecendo assim durante toda a gravidez. Essa “ingurgitação” dos tecidos é semelhante ao que acontece durante a excitação sexual. Eles se tornam mais espessos e dilatados modificando até a sua coloração. Isto significa que a mulher está em constante estado de moderada excitação sexual.

“Eu tinha um tesão quase que incontrolável. Queria transar a toda hora”, afirma a economista Teresa Pedroza. Mas nem todos têm a “coragem” de Tereza. Muitos casais têm receio de “tocar” no bebê enquanto fazem sexo e terminam por se abster, principalmente quando se está próximo do nascimento. Outro motivo que afasta sexualmente os casais é a dificuldade natural pelo tamanho e peso da barriga, que dificulta a penetração. Nesse caso, pode-se optar pela posição onde o homem penetre a mulher por trás ou, deitada, agachada ou ajoelhada de costas para o parceiro.

O que eles não sabem é que uma relação sexual plenamente satisfatória pode contribuir para o bem-estar da gravidez. No ato sexual prazeroso, a ocitocina - hormônio que contribui para a boa tonicidade das contrações uterinas, considerado por muitos médicos como “hormônio da felicidade” - é descarregada na corrente sangüínea da mulher. Ela é importante porque contribui para a boa tonicidade das contrações uterinas, levando a um trabalho espontâneo do parto.

Para se ter uma idéia melhor, basta dizer que no momento da indução ao parto, os obstetras usam freqüentemente uma forma sintética de ocitocina, o Syntocinon, ou mesmo prostaglandina. Só que a concentração natural mais elevada de um tipo de prostaglandinas no corpo humano está no sêmen.


Fonte: Projeto Experimental de conclusão do curso de Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco, 1997, da jornalista Rosely Arantes.

 Imagem daqui