terça-feira, 15 de março de 2011

O Caminho do Orgasmo

Ele está nas músicas, na TV e até na Internet. Acompanha o homem desde o surgimento e está cada vez mais em moda. Cada dia com uma nova versão e cheio de opções pra lá de contemporâneas, o sexo não sai da cabeça dos seres humanos. Mas o que está acontecendo que número cada vez maior de homens e mulheres tem se tornado vítimas da ausência de prazer? O que acontece com o corpo humano na hora do orgasmo, o que provoca a ausência de prazer, os tratamentos, como ele se manifesta com o amadurecimento do ser humano, o sexo dos aprisionados, deficientes e viciados e um panorama de como ele evoluiu na sociedade são temas abordados na série de cinco reportagens que serão apresentadas a seguir.

Inicialmente apresentamos o que é o orgasmo e quais os problemas que impedem as pessoas de atingirem o ápice sexual, mostrando que 20% dessas causas são exclusivamente provocadas pela ausência de informação sobre o assunto.


REPORTAGEM 1

Com tesão tudo tem solução

Há um intenso calor, o coração bate mais forte e rápido, a respiração fica ofegante e um novo cheiro paira no ar. A mente já não quer saber de mais nada, só de continuar, prolongar e intensificar aquela sensação. As mãos trêmulas se afagam e os corpos se procuram. No começo devagar, com suavidade e, aos poucos, com mais urgência numa busca quase vital. Os movimentos ficam mais rápidos e bruscos. De repente, lá está ele, o orgasmo.

É isso mesmo, estamos falando do gozo, do tão esperado prazer. Mas, o que é esse fenômeno que atormenta e encanta todo o mundo? Nesse rápido instante em que o mundo parece sair da órbita, o que acontece com a nossa mente e com o nosso corpo?

Segundo o endocrinologista Alexandre Caldas, pós-graduado em endocrinologia pela PUC/RJ, no momento do orgasmo o corpo humano sofre uma série de reações orgânicas. Dentre elas, aumento dos batimentos cardíacos, transpiração excessiva, perda momentânea da consciência, rubor, aumento da pressão arterial, contrações musculares dos membros inferiores e dos músculos do assoalho pélvico e circunvaginais e, é claro, elevação dos níveis hormonais.

Para o programador Eduardo de Souza, 25 anos, a melhor sensação é a taquicardia. “Quando você sente o seu coração e o dela disparar é de enlouquecer. A vontade que dá é de não parar mais”. Segundo ele, as preliminares são essenciais e indispensáveis.

Mas para que todas essas transformações ocorram é preciso que quatro aparelhos do nosso organismo estejam interligados e sadios. O sistema nervoso central e periférico; o endócrino; o vascular e finalmente, o neurológico. Cada um deles tem uma função direta no desempenho do indivíduo, que vai da vontade até a caracterização física culminando com a satisfação sexual.

Mudanças físicas - Tanto o homem quanto a mulher passam por três estágios até alcançar o orgasmo propriamente dito. São eles: a fase de desejo ou excitação, de platô e de orgasmo. Os sintomas são praticamente os mesmos entre os dois sexos. A fase de desejo corresponde a excitação, que pode acontecer por estímulos sonoros, táteis, visuais, odoríferos ou mesmo um pensamento, ou lembrança  - muitas vezes provocados por fantasias que sejam excitantes.

Nesta fase, os órgãos sexualmente ativos encontram-se em estado de “repouso” e à medida que a pessoa se excita, aumenta a velocidade do sangue nas veias e artérias. No homem, o pênis vai ficando em estado de rigidez - é nessa fase que se ele se distrair, mudar de posição ou de estímulo a ereção pode desaparecer. Na mulher, que também recebe uma quantidade maior de sangue, as mamas aumentam 25% de tamanho, os mamilos ficam eretos e a vagina começa a liberar secreções que vão ajudar na penetração.

Puro prazer - A fase intermediária, chamada de platô, é o momento de alto grau de excitação, quando o orgasmo começa a ser desencadeado. Na mulher, é aí que a pele apresenta uma coloração avermelhada, o coração bate mais rápido, podendo chegar aos 150/mim - em estado normal ele varia de 70 a 100/mim - e a respiração fica mais intensa. A sensação de prazer espalha-se por todo o corpo e concentra-se, normalmente, nas bordas da vagina. É nessa hora que o “ponto G” deve ser tocado para ocorrer o orgasmo vaginal. Já no homem, essa fase se caracteriza pela ereção total e pela eliminação de algumas gotas de secreção mucóide.

A tão sonhada fase de orgasmo inicia, no homem, com as contrações do pênis, promovendo a ejaculação. Isso não significa que ele tenha chegado ao orgasmo. “O orgasmo pode existir com ou sem a ejaculação”, afirma a ginecologista Marilene Vargas, em seu livro Manual do Tesão e do Orgasmo - Sexo e Prazer para Dois, da editora   Civilização    Brasileira.    Na mulher, acontece as contrações ritmicamente do aparelho genital, como um todo. Quando essas contrações são muito fortes, pode ocorrer a liberação, de uma só vez, do muco aglutinado, localizado no fundo da vagina, cobrindo o pênis. Isto caracteriza a ejaculação feminina. O orgasmo feminino dura de 90 a 140 segundos e o masculino até 20 segundos.

Segundo Marilene Vargas é fundamental o conhecimento do corpo. “Para entender a sexualidade, é importante, sobretudo, saber quais são os órgãos que estão direta e indiretamente ligados e envolvidos com a resposta sexual”. Ela ainda explica que, dessa forma, se usufrui o máximo dos estímulos.

“Não tem nada melhor na vida do que dá e sentir prazer”, afirma Amanda Lemos, 24, dançarina. Casada há quatro anos, ela tem uma vida sexual superativa: “transamos mais de duas vezes por dia e é ótimo”. Segundo ela, é fundamental conhecer o seu corpo e o do parceiro. “Saber o local certo de tocar, a forma de beijar, de alisar é coisa de privilegiado, para quem tem muita sensibilidade”, conclui.


 
Fonte: Projeto Experimental de conclusão do curso de Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco, 1997, da jornalista Rosely Arantes.


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